ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA
DISCUTIR QUESTÕES RELATIVAS À TRANSFERÊNCIA DA VILA DIQUE – PRIMEIRA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 04-7-2009.
Aos
quatro dias do mês de julho do ano de dois mil e nove, reuniu-se, na sede da Igreja
Universal do Reino de Deus na Rua Ouro Preto, a Câmara Municipal de Porto
Alegre. Às quatorze horas, o vereador Sebastião Melo assumiu a presidência e
declarou abertos os trabalhos da presente Audiência Pública, a qual
teve como Mestre de Cerimônia o senhor José Luís Espíndola Lopes, destinada a
debater questões relativas à transferência da Vila Dique para a Vila Grande
Santa Rosa, nos termos do Edital publicado no Diário Oficial de Porto Alegre do
dia primeiro de julho do corrente (Processo nº 3021/09). Durante os trabalhos,
estiveram presentes os vereadores Carlos Todeschini, Fernanda Melchionna, Maria
Celeste, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Toni Proença. Compuseram a Mesa: o
vereador Sebastião Melo, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o
senhor Davi de Lima, Presidente da Associação de Moradores da Vila Santíssima
Trindade – Dique –; a senhora Cleci Maria Jurach, Secretária Municipal de
Educação; a senhora Enedina Durão Espíndola; o senhor Humberto Goulart,
Diretor-Geral do Departamento Municipal de Habitação; a senhora Maria Luiza
Neves, representando o senhor Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre; o pastor
Joel Neves; o pastor Ubiratan Job, Presidente da Convenção dos Pastores do Rio
Grande do Sul; a senhora Salete Basso de Lima Alminhana, Conselheira Tutelar da
Microrregião 10; o senhor Celso Prestes, representando a Secretaria Municipal
de Administração; a senhora Tatiane Vargas, representando o Posto de Saúde do
Grupo Hospitalar Conceição; e os vereadores Carlos Todeschini, Maria Celeste e
Toni Proença. A seguir, o senhor Presidente prestou esclarecimentos
acerca das normas a serem observadas durante a presente Audiência Pública, informando que, após a
saudação inicial do pastor Ubiratan Job, seria concedida a palavra para manifestações dos representantes da
comunidade e dos Vereadores inscritos.
Em continuidade, foram iniciados os debates relativos à transferência da Vila
Dique, tendo o senhor Presidente concedido a palavra aos
inscritos, que se pronunciaram na seguinte ordem: o pastor Ubiratan Job; o
senhor Davi de Lima; a senhora Enedina Durão Espíndola; o senhor Luis Antônio
Cruz Ferreira; a senhora Lourdes Correia; o senhor Waldemar de Oliveira; o
senhor Cândido Acosta, Coordenador da Comissão de Habitação do Eixo Baltazar; a
senhora Marialda Tavares Nascimento; a senhora Maria Regina Espíndola; a
senhora Marcelaine Fucks; o senhor Pedro Dias, Vice-Presidente da União das
Associações de Moradores de Porto Alegre – UAMPA –; o senhor Luís Berres; a
vereadora Fernanda Melchionna; a senhora Sorália Martins de Ávila; o senhor
Marcelo Luís Duarte Ribeiro; o vereador Carlos Todeschini; a senhora Salete
Basso de Lima Alminhana; a senhora Ivani Freitas Pires; o vereador Reginaldo
Pujol; o senhor Marino Campos; a senhora Maria Madalena Wergutz, Presidenta da
Associação dos Moradores da Vila Nazaré; a vereadora Maria Celeste; o senhor
Ademar Euclides Duarte; o vereador Toni Proença; o Tenente-Coronel Florivaldo
Pereira Damasceno, Comandante do 20º Batalhão de Polícia Militar; o senhor
Humberto Goulart; e a senhora Cleci Maria Jurach. Após, o senhor
Presidente manifestou-se acerca da presente Audiência Pública. Ainda, o
senhor Presidente concedeu a palavra, para considerações finais acerca do tema
em debate, ao senhor Davi de Lima e à senhora Enedina Durão Espíndola. Às
dezessete horas e dez minutos, nada mais havendo a tratar, o senhor Presidente
declarou encerrados os trabalhos da presente Audiência Pública. Os trabalhos
foram presididos pelo vereador Sebastião Melo e secretariados pelo vereador
Toni Proença, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Toni Proença, Secretário “ad
hoc“, determinei fosse lavrada a presente Ata, que será assinada pelos senhores
1º Secretário e Presidente.
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS (José Luís Espíndola Lopes): Vamos discutir questões relativas à
transferência da Vila Dique para a Grande Santa Rosa.
Convidamos, para compor a
Mesa: Exmo Sr. Presidente. Sras Vereadoras Câmara
Municipal de Porto Alegre, Ver. Sebastião Melo; Sr. Presidente da Associação de
Moradores da Vila Santíssima Trindade – Dique -, Davi de Lima; Srª Secretária
Municipal de Educação, Cleci Maria Jurach; Srª Enedina Durão Espíndola; Sr.
Diretor-Geral do Departamento Municipal de Habitação, Humberto Goulart; Srª
Maria Luiza Neves, representante do Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre;
Pastor Joel Neves; Pastor Ubiratan Job, Presidente da Convenção dos Pastores do
Rio Grande do Sul.; Srª Salete Basso de Lima Alminhana, do Conselho Tutelar
Núcleo 10; Verª Maria Celeste; Sr. Ver. Toni Proença; Sr. Ver. Carlos
Todeschini. Convidamos para compor a Mesa também o Sr. Celso Prestes,
representante da SMA.
Com a palavra, o Exmo
Presidente da CMPA, Ver. Sebastião Melo.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Primeiramente,
eu quero saudar a nossa participação popular nesta reunião de trabalho.
Quero
fazer uma rápida introdução da condução dos trabalhos. Primeiro, a condição da
Câmara Municipal de Vereadores – e tem vários Vereadores já citados e outros
que chegarão a esta assembleia – é com a finalidade de contribuir, quero deixar
isso inicialmente registrado. As Sessões de quintas-feiras, já há um bom tempo,
não são mais Sessões de votações de projetos, porque se transformaram em
Sessões que permitem discussões dos mais relevantes temas. Na última
quinta-feira, por exemplo, nós tivemos 400 pessoas, Maria, ouvindo palestras
sobre o crack, essa chaga que atinge a todos nós.
E,
na semana passada, esta comunidade - talvez nem todos que estão aqui tenham
estado lá – foi à Câmara Municipal com a expectativa de ampliar um pouco mais o
debate com o DEMHAB, como o Governo Municipal - e lá estava o Sr. Secretário
Ver. Dr. Goulart -, sobre a questão da Dique e Nazaré. Nós percebemos que a
população achava que, naquela ida à Câmara, lhe seria permitida a palavra, e,
pelo regramento regimental, isso não é possível. Talvez quem fez o convite não
soubesse do regramento e não informou à comunidade que ela poderia ter pedido
uma audiência pública, onde isso é possível. Foi quando eu designei a Maria, o
Ver. Toni Proença, que é Vice-Presidente, e o Ver. Valter Nagelstein, para irem
à sala da Presidência, junto com esse jovem e essa jovem, e os três construíram
esta audiência pública. Chega, agora, a Verª Fernanda Melchionna, que também
participou dessa construção e agora eu a convido para fazer parte da Mesa.
Então, esta audiência pública foi fruto de uma construção coletiva: Poder
Legislativo, comunidade, assentimento do Governo. E esta reunião, com toda
certeza, é para construir e para avançar.
Vou
pedir equilíbrio, porque aqui estamos falando de vida, de dignidade humana,
portanto, todos nós temos responsabilidades. E é com esse norte que vamos
conduzir esta audiência pública, garantindo a tantos quantos tiverem dúvida
sobre essa matéria, este microfone, que, se tiver que ficar aberto até a
meia-noite, vai ficar. Mas acho que não é lugar de transformar este microfone
em palanques inconclusivos, acho que é o momento de tirar dúvidas e avançar.
Por
isso, dou por aberta esta audiência pública, agradecendo a esses jovens, como
aos funcionários da Câmara, liderados pelo Luiz Afonso, nosso Diretor
Administrativo, pelo trabalho dos senhores, que têm sido incansáveis nessas
audiência públicas. Estão abertas as inscrições para os que quiserem se
manifestar sobre essa matéria, que vão usar este microfone, quando cada pessoa
terá três minutos para questionar.
Neste
primeiro momento, em nome dos Pastores já citados aqui, que nos honram demais
com sua presença - e conheço todos os pastores aqui citados, o Joel, o Daniel e
o Ubiratan -, concedo a palavra ao Pastor Ubiratan, que quer fazer uma saudação
inicial. Tão logo, passarei a palavra aos líderes que construíram a audiência
pública com a Câmara, depois aos membros do Governo Municipal, no prazo
estabelecido de 20 minutos para os líderes e para o Governo – não tão
rigorosamente –, e, a partir de então, começaremos a ouvir as pessoas
inscritas.
Informo
que o Ver. Reginaldo Pujol acaba de chegar.
Está
aberta nossa Audiência Pública e passo palavra ao Pastor Ubiratan.
O
SR. UBIRATAN JOB: Muito
obrigado. Inicialmente, eu quero tão somente dizer da nossa profunda satisfação
de poder ceder este espaço da Assembleia de Deus para a realização desta
audiência pública, que visa, naturalmente, trazer para os moradores das Vilas
já citadas pelo ilustre Presidente da nossa Câmara Municipal, uma solução.
Queremos, então, desta feita, dar as boas-vindas ao Presidente da Câmara, Ver.
Sebastião, aos demais Vereadores e às demais autoridades aqui presentes, e
dizer também que são muito bem-vindos os moradores das Vilas que estão
agendadas para esta audiência. Queremos pedir a Deus que nos dê um
encaminhamento sereno, tranquilo, abençoado, para que sejam encontradas as
soluções que visem contemplar as famílias, especialmente as que precisam do seu
local, da sua casa, da sua moradia, para viverem e continuarem sua existência
como famílias em paz, em perfeita harmonia. De modo, Ver. Sebastião, que minha
palavra é somente essa de boas-vindas, e dizer da nossa satisfação em poder
ceder este espaço para esse trabalho tão importante para a comunidade.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito
obrigado, Pastor, pela cedência, e vamos agradecer, com grande aplauso, à
Igreja. (Palmas.) De imediato, passo a palavra ao Davi, para sua sustentação.
O
SR. DAVI DE LIMA: Em
primeiro lugar, agradeço ao Presidente da Casa, nosso nobre Ver. Melo, e ao
Pastor-Presidente, Ubiratan e Pastor Daniel, que nos cederam este espaço para
que pudéssemos, juntamente com nossa comunidade e nossas lideranças políticas,
pedir que nossa comunidade seja atendida. E agradeço aos demais Vereadores que
compõem a Mesa e ao Secretário do DEMHAB, que sempre foi categórico em nos
atender prontamente. Como sempre eu tenho falado, nós, da comunidade da Vila
Santíssima Trindade, Vila Dique, não estamos de maneira nenhuma conformes ao
que nos foi apresentado sobre o tamanho das casas. Achamos que o tamanho das
casas não nos serve, e, por isso, chegamos a este ponto de deslocar, hoje, os
nossos Vereadores e nossa comunidade até aqui, à Igreja, para que as pessoas
pronunciem a realidade da situação a respeito do tamanho das casas e dos
terrenos oferecidos a nós. E realmente a comunidade vai ter, nesta tarde, uma
maneira de expressar se é realmente isso o que ela quer, o tamanho das casas de
15 metros quadrados. Nós chegamos ao Secretário uma, duas, três vezes, e ele
nunca deixou de nos ouvir. Mas sabemos também que até agora ele teve
dificuldades em nos atender, e nós, com certeza, cada vez seremos mais
inoportunos, porque queremos uma definição, na medida do possível, para a nossa
comunidade. Vimos ali que já tem algumas casas quase construídas, e foi
comunicado pelo DEMHAB que algumas famílias serão retiradas da Dique e
transferidas para ali, o que fez com que nossa comissão se mobilizasse
rapidamente. Fomos até ali para ver, e não temos escola, posto de Saúde, creche
e segurança. Nós fomos ali, nós da comissão, da comunidade. Fomos até o posto
de Saúde da Santa Rosa e não conseguimos consulta. Fomos em todas as escolas
que tem ali, não conseguimos lugares. Fomos na creche, não tinha vagas. Então
como nós, moradores da Dique, vamos para um lugar em que não temos esse mínimo
que seria saúde, escola e segurança para nossos filhos, nossos netos e para
nós? Isso nos deixa mais preocupados ainda. O tamanho das nossas casas é muito pequeno,
e, além de não termos espaço físico no nosso terreno, também podemos constatar
que não tem nada de infraestrutura ali. Na última audiência que tivemos na
Câmara, o engenheiro apresentou no papel muitas coisas. Mas, no papel, para
nós, moradores do Dique, não é conveniente. Nós queremos é ver o material, nós
queremos constatar, como estamos constatando esta tarde, neste espaço físico
onde nós podemos nos pronunciar. E nós estivemos unidos no decorrer desta
semana, juntamente com o Ver. Proença, a Verª Maria e a Verª Fernanda, e nós
pudemos entender e ver também que nós encontramos uma outra dificuldade que nós
temos aqui no Dique. Nós temos uma creche aqui no Dique que contempla hoje mais
de 40 crianças, e eles dão curso profissionalizante, ajudam as crianças, dão o
primeiro passo ali, e nós não vimos se foi falado nesse espaço também ali para
a presidente da creche aqui da nossa Vila Dique. Eu creio que ela vai ter o
espaço esta tarde. Nós gostaríamos que a Mesa, na pessoa do Ver. Melo,
Presidente, pudesse nos ajudar nessa área da saúde, da escola, da creche.
E
nós podemos ainda ver algo mais, pessoal! Nós temos, na Av. Dique, quatro
igrejas, não tão confortáveis como esta, mas igrejas que têm espaço físico de
mais de 100 metros quadrados. E nós pudemos ver, e nos foi comunicado pelo
pessoal do DEMHAB que esse espaço de 100 a 120 metros quadrados para a igreja
não tem. Nós temos, aqui na Av. Dique, quatro igrejas evangélicas, e os
pastores responsáveis estão aqui; nós temos ali uma igreja católica, e eu creio
que as irmãs da igreja também estão aqui; nós temos ali uma casa de religião, e
eu creio que a pessoa também está aqui; então, são pessoas que têm também um
espaço e se daí se deparam com o espaço físico de 36 metros quadrados, como
dizem, 40 metros quadrados, mas, na realidade, não é. Como nós vamos agregar o
povo dentro de uma igreja de 40 metros quadrados, se esse espaço físico aqui já
dá mais de 120 metros quadrados? Então, gostaria, Presidente Melo e autoridades
que compõem a Mesa, que fosse revisto o tamanho das nossas igrejas que vamos
ter ali agregando a nossa comunidade, o tamanho do posto de saúde aqui dentro
da nossa comunidade, o tamanho da creche aqui dentro da nossa comunidade, e
gostaria que nós pudéssemos chegar a uma definição, juntamente com o nosso
Secretário do DEMHAB. Nós não queremos que as autoridades pensem que nós não
queremos sair dali, não. Nós sabemos que é uma área de risco, nós sabemos que é
algo incompatível com o desenvolvimento do nosso Município, mas nós sabemos também
e gostaríamos que o Secretário compreendesse e pudesse entender que ninguém da
nossa comunidade tem condições de fazer dívidas, despesas, para ir para um
lugar e ficar “enfuneirado” em termos de financiamento. Não tem
como nós sairmos daqui e entrar numa casa onde não cabe o nosso roupeiro, não
cabe o nosso sofá, e, se colocar os móveis, nós temos que ficar do lado de
fora. Então, gostaria que o Secretário, juntamente com a Mesa, pudesse nos
entender, pudesse ver que não foi porque nós não tivéssemos sido, talvez,
ouvidos pelo Secretário atual ou pelo que estava lá. Talvez, como já falei, o
nosso Secretário tenha “pegado esse abacaxi” na mão, e, com certeza, nós, da
comunidade, com a nossa visão, queremos lhe ajudar, Secretário, mas queremos
que o senhor nos ajude também. Queremos que o senhor veja a situação dos
moradores do Dique, a situação das casas, a situação das igrejas que nós temos
no Dique e a situação que o senhor tem no papel, no projeto, para dar para as
igrejas, para a creche. E eu creio que, se nós chamarmos a presidente da
creche, há uma maneira de haver uma flexibilidade, para podermos conversar. Nós
sabemos que tem casas aqui que estão alagadas, nós sabemos que tem umas casas
lá que estão para ficarem prontas, porque nós não queremos que seja tão
radical, dizendo que nós não queremos esse tipo de coisa. Não, Vereador; não,
Secretário! A flexibilidade, a educação que nós temos, nós, moradores do Dique,
com a sua pessoa, com a Administração atual, nós temos certeza, confiança, de
que o senhor há de atender à comunidade, há de dar uma solução, porque tudo
aquilo que o senhor prometeu até hoje perante a comunidade - e nós
categoricamente nos reunimos com a comunidade durante a semana toda e passamos,
e até hoje a comunidade está esperando da sua pessoa os panfletos das casas,
que eu vou voltar a lhe cobrar, e também a maquete, que o pessoal aqui gostaria
de ver.
Então,
eu agradeço à comunidade toda. (Pausa.) Pode entrar, pessoal, tem lugar ainda
aqui na frente, vamos entrar, porque essa Audiência é para vocês ouvirem as
nossas autoridades do nosso Município, e é o momento de vocês reivindicarem.
Talvez vocês nunca tenham tido a oportunidade que vocês estão tendo hoje de
estar na frente das autoridades que administram o nosso Município, então, é o
momento oportuno. E gostaria que todos vocês fossem sábios, não se alterassem,
não tomassem o microfone, para que nós tenhamos, no mínimo, nesta tarde, uma
Audiência Pública, na qual está o Presidente da Câmara de Vereadores, e nós
gostaríamos que vocês, no mínimo, entendessem cada um, porque nós não vamos
conseguir sair daqui, talvez, esticando nada. Mas esperamos do Secretário que
saiamos daqui esta tarde com uma visão, com um melhoramento para nós e que
possamos ser entendidos, e que o Secretário e as demais autoridades da Mesa
possam entender a maneira pela qual estamos sendo obrigados a sair daquele
lugar para um outro. Eu agradeço a oportunidade. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Eu
quero pedir aos senhores e às senhoras que, por gentileza, passem para cá, há
algumas cadeiras, para que vocês possam se acomodar aqui. Eu sei que tem gente
lá na rua. Podem entrar, há mais lugares. Nós vamos nos acomodando aqui, podem
vir. (Pausa.) Eu quero registrar a presença da Elenira Lopes, representando a Deputada Manuela d’Ávila; do Pedro Dias, da
UAMPA, que já está na Mesa conosco; também quero registrar a presença do nosso
querido amigo, o Tenente-Coronel Pereira, da nossa querida Brigada Militar; do
Eduardo Campos, do DMLU. Solicito às representações da
Prefeitura que, porventura, não tenham sido anunciadas e que estejam presentes
que deem os seus nomes aos nossos colaboradores da Câmara, para que possam
compor conosco a Mesa de trabalho. Neste momento, eu concedo, então, também
pelo tempo de 10 minutos, a palavra para a Dona Enedina, para que ela possa
fazer a sua manifestação preliminar.
A SRA. ENEDINA DURÃO ESPÍNDOLA: Em primeiro lugar, eu quero cumprimentar todos que
estão presentes, principalmente, a nossa comunidade guerreira e, em segundo
lugar, eu também quero cumprimentar a Mesa e registrar a presença da Eva Inês,
do CAR, que também se faz presente aqui. Quero dizer que, infelizmente, para
toda a nossa comunidade o que era um sonho se tornou um pesadelo. Nós sonhamos
com uma vida digna, justa, sonho esse que nós queríamos transmitir aos nossos
filhos como herança de uma vida melhor, porque vivemos, durante 28 anos, outros
menos, outros mais, largados pela política, vivemos momentos em que as pessoas
não podiam sair de suas casas por causa da situação em que viviam ou em que
vivem hoje. Quero dizer que eu tenho aqui em mãos todo o orçamento, a
documentação do reassentamento da nossa comunidade. Realmente, houve dois
projetos apresentados aos moradores. Num primeiro projeto, haveria apartamentos
em que os moradores que moravam na parte de cima não teriam acesso aos pátios
na parte de baixo; também não teriam espaço para quem tem carro colocar seus
carros; e não teríamos espaço para comércio - a ideia seria fazer um centro
comercial. Num segundo projeto, houve ajustes, mudanças. Foram apresentados em
nossa comunidade, como sendo sobrados, apartamentos em que a parte térrea
servisse para idosos ou para pessoas que não pudessem fazer uso de escadas, e
casas-solo para os nossos portadores de deficiência física, mental ou visual.
Em suma, são três projetos em uma só fusão. Eles foram apresentados para a
nossa comunidade, mas não tão claro quanto deveria, ou seja, não foi explicado
o que significam 39 metros quadrados, o que significam 15 metros quadrados de
área. Não foi esclarecido nada disso. Simplesmente disseram que sobrariam 15
metros quadrados atrás, ou 15 metros quadrados na parte da frente, que seriam
39 metros quadrados de área construída para cada morador. Na verdade, faltaram
a explicação e a clareza do Departamento Municipal de Habitação. Quinze metros
quadrados são nada mais do que 3x5. Onde é que sobra espaço para o morador nos
fundos? Fizemos ajustes através da reivindicação da Associação de Moradores da
Nazaré e da nossa comunidade no sentido de que não se misturariam as duas
comunidades, já que o projeto era este: Vila Dique e Vila Nazaré, gravado pelo
Governo Federal, onde não existia Vila Keddie e nem Morada do Sol. A verba do
Governo Federal estava destinada somente para a Vila Dique e Vila Nazaré.
Através de acordo, a Vila Nazaré passou a negociar particularmente, através da
sua Associação, para o reassentamento deles, e nós fizemos o nosso, mas, para
isso, foram incluídas a Keddie e a Morada do Sol. Tínhamos um tratado com
relação aos cuidados com os nossos carroceiros e carrinheiros. Hoje, uma das
maiores polêmicas que nós encontramos na nossa comunidade não é somente a
metragem, Sr. Davi, é o desespero dos comerciantes, é o desespero dos
carroceiros e carrinheiros de como será a vida deles após o reassentamento. Eu
acho que tem que ter o mínimo de bom senso e saber que um cavalo não pode
sobreviver num lugar ermo, ele tem que ter um espaço de preservação ambiental,
para que ele possa se alimentar e continuar trabalhando. Tínhamos e temos aqui
a prova: é um pacote de reassentamento, não é um pedaço aqui, um pedaço ali
que, infelizmente, não está sendo cumprido. Ouve-se muito as funcionárias do
DEMHAB dizendo: “Ah, mas isso foi prometido na Direção anterior.” Para a nossa
comunidade não interessa quem foi, quem é ou quem vai deixar de ser o diretor,
porque os projetos são feitos através da comunidade, através da DEMHAB, e
apresentados na Prefeitura. Quem aprova ou deixa de aprovar é o Prefeito, não é
o Secretário da Habitação. Portanto, não cabe a um ex-diretor, ou ao diretor
atual dizer que a culpa não é dele. É a Prefeitura que tem que arcar com as
consequências, com aquilo que prometeu à comunidade que seria cumprido passo a
passo, ou seja, as escolas, creche, posto. Está tudo aqui, não haveria
reassentamento se os nossos equipamentos comunitários não estivessem prontos.
Nossa unidade de saúde, nossas escolas estão fazendo um esforço tremendo para
conseguir uma negociação. E, ontem, eu ouvi uma resposta absurda de que a nossa
escola comunitária sairia em 2012. Como
é que ficam as nossas crianças? Eu tenho entrado, batalhado, negociado esse
reassentamento desde 2005, mas nunca esperei ouvir de uma assistente social,
uma técnica social, dizer que a nossa escola comunitária vai, entre aspas, ficar
pronta em 2012. Como ficam as nossas crianças? Como fica a nossa situação? O
que a gente quer hoje, desta Audiência Pública, é esclarecer as situações, que
as Secretarias façam o que elas são pagas para fazer: trabalhar, sair dos seus
gabinetes. (Palmas.) Vou falar uma expressão que eu ouvi do Seu Davi outro dia:
estão “enchendo linguiça”. É uma reunião atrás da outra, mas a solução não
aparece. O aeroporto precisa ser ampliado; a sociedade civil quer a nossa
mudança, quer a melhoria para a nossa comunidade tanto quanto nós. Mas, a
partir de hoje eu prometo para vocês que a minha atitude vai passar a ser
radical, sim, em cima das Secretarias, em cima da Prefeitura, porque eu não vou
mais cobrar do Goulart, eu vou cobrar do Fogaça. (Palmas.) Porque, se no início
do projeto ele foi eleito, senhoras e senhores, ele foi reeleito, então não
existe recomeço, é uma continuidade de trabalho para todos nós, e juntos eu
tenho certeza que nós vamos conseguir reverter essa situação, sim, porque é um
direito das nossas crianças, é um direito de cada um de nós. Se o projeto não
pode ser mudado, tudo bem, mas que sejam respeitados os direitos das nossas
crianças de ter a creche, a escola e o posto de saúde, e é por esta razão que
hoje eu estou aqui junto nesta Mesa. E tenho para dizer para vocês que enquanto
isso não acontecer - eu sou mãe de uma criança que vai à escola -, enquanto
isso não acontecer, simplesmente a comunidade vai ficar onde está. Vamos lutar,
todos juntos, para conquistar o que nos foi prometido.
Foi
isso que eu vim trazer hoje para vocês, a posição que eu tomei. Vida digna e
justa não é só a moradia, é o direito social de cada cidadão e de cada criança,
e é por esta razão que eu peço a todos vocês que unam forças por essas questões
sociais, que cuidem das nossas crianças como devem ser cuidadas, porque um dos
outros absurdos seria um cartão “vai à escola” para as nossas crianças. Tenham
dó gente! Tenham dó, tem criança que vai à creche, a mãe leva, traz, tem
crianças com quatro, cinco anos, seis anos, que vai para a escola, e como é que
uma mãe ou um pai vai largar dez filhos para uma mãe dentro de um ônibus
circular, cuidar? Não existem condições. Portanto, eu espero que hoje a
Secretaria de Habitação e das demais Secretarias tragam a resposta, e a partir
de hoje eu quero pedir para a Mesa aqui e para todos, que sejam documentadas
todas as promessas, porque de promessa vazia nós estamos cheios! (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito
obrigado, Dona Enedina. Quero registrar a presença do Sr. Marcelo Cunha Silva,
representando aqui a EPTC; do Sr. Marcelo Guimarães e Gabriel Luz,
representando a FASC; do Sr. Sandro Luz, representando a Secretaria Municipal
de Coordenação Política e Governança Local; da Srª Eva Inês Policena dos
Santos, do CAR Noroeste; da Srª Edna e Srª Nair, conselheiras do Orçamento
Participativa e do Sr. Carlos Henkin, representando a Deputada Federal Emília
Fernandes.
O
Sr. Secretário Humberto Goulart disse que prefere primeiro ouvir a população, e
só no final se manifestar. Portanto, eu peço a compreensão e o silêncio para
que a reunião seja produtiva, esta reunião está sendo gravada, taquigrafada,
para que possam, justamente, criar a garantia, Enedina, que você terá
terça-feira ou quarta-feira todo esse documento na sua mão. Correto?
O
Sr. Luis Antônio Cruz Ferreira, representante do comércio da Vila Dique, está
com a palavra.
O SR. LUIS ANTÔNIO CRUZ
FERREIRA: Boa-tarde a
todos os integrantes da Mesa, nós estamos aqui reunidos para ter respostas
sobre todas as reuniões que participamos dentro do DEMHAB, com a Comissão e com
os Vereadores, pedindo uma resposta para o Sr. Goulart. Ele falou para toda a
Comissão que ia tomar essa situação como pessoal, então a gente achou que
teríamos uma resposta na Câmara de Vereadores, nesta última reunião, e a gente
ouviu o contrário, a comunidade apanhou muito, verbalmente, lá do Sr. Goulart.
A gente ouviu que as pessoas que estavam lá foram pagas pelo pessoal do
comércio, e isso não é verdade. As pessoas que não estivessem contentes com a situação,
que fossem morar na Auxiliadora ou em outro local, em cobertura! Então, tudo
aquilo que a gente conquistou nesse tempo de vida, e construímos dentro da Vila
Dique, foi trabalhando de carrinheiro, de faxineira, de pedreiro, com muito
esforço, e a gente conseguiu isso não foi do dia para a noite, foi entre 20, 30
anos. Então, a gente não pode, simplesmente, deixar que as pessoas venham aqui
e digam que a gente não necessita disso aqui. Como que não necessitamos? Nós
trabalhamos para adquirir isso aqui, os nossos comércios; então, a gente não
vai abandonar isso aí e deixar que tomem conta da nossa comunidade. Isso é a
nossa vida.
Não é simplesmente lembrar
da comunidade, quando necessitam dos nossos votos. Isso que a gente conquistou,
dentro da nossa comunidade, não foi simplesmente iludindo as pessoas; a gente
conseguiu com muito trabalho. Não foi iludindo, no tempo das eleições, pois a
comunidade só é lembrada na época das eleições. No resto da nossa vida, eles
esquecem de nós. Então, temos que cobrar deles, porque eles foram eleitos com
os nossos votos, e ninguém vai esquecer o que eles nos prometeram na época de
eleições. É isso o que eu tinha para falar aos senhores. Obrigado. (Palmas.)
A
SRA. LOURDES CORREIA:
Quero dar boa-tarde a todos que estão aqui. Quero dizer que tudo que a Enedina
falou é verdade. Estou junto com ela desde o começo. Eu apresentei as igrejas
da Dique desde o começo. Foram prometidos terrenos grandes para cada igreja da
Dique. Nós sofremos nas reuniões, às vezes eles prometiam vir e não vinham. E
nós íamos da nossa casa, deixávamos o serviço, deixávamos tudo em casa e íamos
para lá. Sofremos juntos. Depois houve uma época em que achei que era muito
sofrimento e saí do grupo. A Enedina continuou com as outras, fazendo o que
pôde. Sempre lutando. Sempre ali. Às vezes ela estava doente e ia doente mesmo.
Eles enganaram a gente por muito tempo, o pessoal da Prefeitura. Agora eu moro
na Rua Beco da Creche, aquela rua enche a nossa casa de água, como todas
aquelas ruas ali.
Na
época da eleição, o Vereador foi lá e prometeu que iria nos tirar dali, e não
nos tirou nada. Continuam nos enganando. E a nossa casa, sempre que chove, pode
chover um dia e uma noite, alaga dentro de casa. Temos que andar de botas, e,
na cozinha, não dá nem para ir de botas, de tanto que a água sobe. A gente tem
que erguer fogão, tudo, para cima. Nós estamos passando muito trabalho. E as
mangueiras de água são colocadas dentro do valão, e os ratões, não sei, furam
as mangueiras de água. Muitas crianças e pessoas doentes, porque estão tomando
aquela água contaminada. Estamos sofrendo muito ali.
O
valão da Infraero está tapadinho de mato e de lixo. E nós estamos sofrendo,
pois os dois valões entram para dentro do nosso pátio. O meu marido sai de
manhã no inverno e tem que colocar as botas até os joelhos para poder ir ao
serviço. É um sofrimento ali! E a Enedina continuando sempre, sempre... e o
Paulo também, sempre... O Paulo que estava na comunidade, não sei se ainda
está, sempre naquele... (sic)
(Manifestações na
plateia.)
A
Srª Lourdes Correia está com a palavra.
A
SRA. LOURDES CORREIA: Eu
estou falando a verdade. Se tem alguém contra, peço desculpas, mas que a
Enedina sempre... A Enedina, eu e mais outras sempre lutamos para o bem: para
ganhar uma casinha maior e um terreninho maior. E as nossas casinhas não têm
condições da gente morar, porque não cabe nada quase dentro de casa. Tem que
ser quase tudo de solteiro, senão não cabe.
Então,
nós pedimos uma casinha maior e um terreninho maior para podermos morar. Porque
dali nós queremos sair. Não vemos a hora de ir embora! Mas irmos para um lugar
onde não cabe as nossas coisas está sendo difícil. Peço ajuda dos que estão à
frente para nos ajudar.
Outra
coisa, nós estamos com medo de ir para lá, porque... Eu não estou agora na
primeira, vou estar na segunda, mas nas primeiras casinhas que começaram recém
a fazer os quartos em cima – dois quartos -, aquela escadinha de caracol não
tem como levar um roupeiro. As pessoas que têm um roupeirinho, como vão
desmontar? Se desmonta, não dá mais para montar! Então, aquilo ali vai ficar
ruim para subir em uma escadinha de caracol. Por isso, vim pedir ajuda, vim
falar. Obrigada. (sic)
O
SR. WALDEMAR DE OLIVEIRA:
Eu quero saudar o Presidente da Mesa, os Vereadores, os representantes do
DEMHAB e da Prefeitura e todas as pessoas presentes. Em primeiro lugar, eu
quero falar sobre o tamanho das casas que não compõe as nossas famílias e nem
nossos eletrodomésticos. Isso é o principal. Mais uma, nós não pedimos para
sair da Vila Dique! Nós estamos saindo dali, porque estão precisando da área.
Estou de acordo. Mas nós queremos casas dignas para morarmos. Onde nós temos
que pagar aquelas casas? E as nossas quem vai pagar? Custou o suor do nosso
rosto para construir, tábua por tábua, tijolos por tijolos. E nós saímos
daquelas dali sem ninguém pagar, e nós vamos ter que pagar aquelas casinhas do
tamanho que estão. Não há cabimento nisso! Nós não temos segurança; nós não
vamos ter privacidade naquelas casas, não vamos ter privacidade, porque sai uma
porta da porta do outro, sai uma janela da janela do outro. Que privacidade
tem? Uma casinha daquelas com dois quartos, um para o casal. E quem tem quatro
filhos, onde tem meninas, onde tem meninos, como é que vão dormir no mesmo
quarto, cadê a privacidade? (Palmas.) Não existe! Nós saímos daqui se nós
ganhar as casas conforme nós precisamos, porque as casas foram prometidas,
desde o início, de 42m; elas tem 36m somente. Cadê esses 8.400m que estão
faltando nessas obras? Era isso que eu tinha que falar, tenho dito. (sic)
(Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Obrigado,
Seu Waldemar.
Está
com a palavra o Sr. Cândido Acosta, Assessor do Deputado Carrion,
Coordenador da Comissão de Habitação do Eixo Baltazar
O
SR. CÂNDIDO ACOSTA: Boa-tarde
a Mesa, boa-tarde a todos os Vereadores aqui presentes e boa-tarde muito especial
à comunidade! Analisando aqui vejo que falta uma pessoa que fez todo o
trabalho, toda a promessa, toda a discussão com a comunidade, e hoje não se faz
presente, que é o Ver. Tessaro, que deveria estar aqui...
(Manifestações
nas galerias.)
O
SR. CÂNDIDO ACOSTA: ...dando
explicação de por que ele trouxe esse tipo de projeto para esta comunidade sem
discutir a fundo, sem, pelo menos, ouvir realmente, explicar, esclarecer o que
ele estava trazendo para a comunidade. Ele estava trazendo, sim, uma maneira de
capitalizar os votos para eleger ele Vereador. Esse tipo de Vereador, nós não
queremos representando nós dentro da Câmara de Vereadores; nós queremos pessoas
que tenham responsabilidade, que tenham certeza de trabalhar em conjunto com a
nossa comunidade. Então, eu quero dizer para vocês que nós, do Gabinete do
Deputado Raul Carrion, nós, da UAMPA estivemos atentos, estivemos em várias
reuniões lá no Colégio, e muitas vezes não nos davam o direito de falar, porque
nós conhecíamos o projeto, e não era o projeto que eles estavam querendo
apresentar para a comunidade. E nos era negado o direito de falar. Eu, como
Coordenador da Comissão de Habitação do Eixo Baltazar, onde temos 150 famílias
para serem reassentadas, nós não discutimos com eles, eles não deram oportunidade
de nós discutirmos a questão do transporte coletivo, a questão da Segurança
Pública, a questão da Saúde, da Educação, das creches das crianças que vão
estar lá. Nós temos que estar atentos e queremos que seja revisto esse
processo, que seja revisto esse planejamento; e que nós tenhamos, Sr. Goulart,
dentro do DEMHAB, técnicos que venham discutir com a comunidade e ouçam o saber
popular. O saber técnico é muito bonito no papel; agora, eu desafio qualquer
técnico que fez o projeto vir morar 30 dias dentro de uma casa com a sua
família. Isso eu quero ver se ele vem fazer! Por quê? Porque ele sabe que ali
não há condições mínimas, com dignidade, para o nosso povo morar com dignidade.
Pessoal,
está bonito de ver; a unidade de vocês é importante, e vamos mostrar “com
quantos paus se faz uma canoa”. A Vila Dique sabe que vai ter apoio da maioria
da sociedade, da maioria da Câmara de Vereadores e da maioria dos Deputados,
porque eles querem, sim, fazer com que vocês morem com dignidade, porque o
dinheiro que veio do Governo Federal foi para fazer moradia digna para o nosso
povo, não aquele pombal que está sendo feito. (Palmas.) Dr. Goulart, eu tenho o
maior respeito e a maior estima pelo senhor, mas o senhor “pegou um abacaxi”
muito grande. O senhor deveria ter ouvido nós, como comunidade; quando nós, do
Eixo Baltazar, tentamos falar com o senhor, através da sua Assessoria, e nos
foi negado esse direito. Nós queríamos dar o alerta antes de terem começado as
obras; não fomos ouvidos. Aquele pessoal que ficou lá de resíduo do anterior
hoje o que faz? Eles querem saber demais, na verdade não sabem nada, porque não
sabem o que o nosso povo quer, do que o nosso povo precisa. Então, Vila Dique,
vamos, sim, “cravar o pé no chão” e só vamos sair dali no momento em que o
Governo acenar com moradia digna, com escola, com creche, com segurança e com
transporte coletivo. Obrigado. (sic) (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Convido
agora a falar a Srª Marialda Tavares Nascimento, moradora.
A
SRA. MARIALDA TAVARES NASCIMENTO: Boa-tarde
a todos – eu não vou saber dar boa-tarde de um por um! Eu gostaria de repetir,
de novo, a mesma novena que a gente começou lá no Cecoflor: a novena do tamanho
das casas. Não precisaria ter chegado a tudo o que está aqui - está virando uma
falta de respeito, porque um diz uma coisa, outro diz outra - se nós, lá em
cima no Cecoflor, tivéssemos sido ouvidos... O Sr. Severo teve a
capacidade de nos dizer, quando a gente disse “não vão caber nossos filhos ou
os nossos móveis”: “Para que fez tanto filho? E se tem móveis demais, vende”. O
Sobreiro, um senhor que estudou, um senhor bem conceituado, como se diz, sendo
um advogado, disse bem assim: “Sabem o que vocês fazem? Vão procurar os seus
direitos”. Como é que ele vai olhar para nós, que fomos lá tentar alertar que
tinha um problema? Se eles nos escutassem, eu acho que esse problema já
teria... Não seria resolvido, mas teria sido tratado com mais carinho, com mais
atenção, com mais humanidade. Como eu disse para o Dr. Goulart - fui dura, a
gente começa a correr... fui dura: “O senhor pegou o projeto andando, o senhor
pegou uma “barriga de aluguel”, o senhor pegou um abacaxi, e o senhor vai
descascar!” Por quê? Porque ele, como um senhor inteligente, um senhor que
estudou, não parou para escutar as pessoas que iriam fazer parte do projeto
daqui para a frente, para que o projeto começasse a andar, da vida dele. Hoje o
que o senhor encontra? O senhor encontra nós, pessoas revoltadas, porque foi
mostrado para nós um projeto, chegou um senhor com uma casinha do lado da outra
dizendo que seria esse. Se circularam todos em volta da Mesa no Colégio
Imigrante e disseram: “Vai ser assim”. Dali a pouco alguém bateu palma,
e nós, que não temos estudo, somos meio “tapadinhos”, um bateu palma, todo o
mundo bateu palma, achando que era festa. A festa era comemorativa de que íamos
sair daqui; não que estávamos contentes com a “caixa de fósforo”.
E outra coisa gente, aqui
dentro da Dique tem várias etapas de salário. Vamos supor, os que ganham
salário mínimo, os que ganham dois salários, os que ganham dois salários e meio
salários mínimos, tem o papeleiro, a faxineira, tem vários. E todo mundo aqui
paga conta. A gente pode não pagar a conta da água e da luz, porque tem “gato”
na luz e tem “gato” na água, mas nós pagamos arroz, feijão, pagamos a roupa que
vestimos, nós pagamos passagem. Tudo que temos que pagar nós pagamos.
Sr. Goulart, vai ser
difícil para o senhor hoje me ouvir esta parte; eu queira que cada um aqui
dentro se visse como mãe, se sentisse mãe. Não me venham dizer que homem não
pode se sentir mãe, porque assim como a mãe é mãe e pai, o homem também é pai e
mãe. Então vocês pensem comigo, como a gente vai para uma casa com dois
quartos? Comer, tudo bem, aquela cozinha pequena, a gente senta no sofá, mas
como pai e como mãe, eu vou dizer para a filha da vizinha: “olha, tu não podes
subir lá no quarto da minha filha para fazer os temas, porque o meu filho está
dormindo e a minha filha não vai poder fazer o tema lá nos quartos.” É assim
que é feito na vila, as crianças se encontram para fazer os temas no quarto.
Não poderá ser feito isso, por quê? Porque se o menino estiver dormindo ele vai
estar segurando aquilo que ele não quer perder; e se a menina estiver dormindo,
vai estar tomando um ventinho no que ela acha que ela que tem que ser arejado,
entende? Não tem privacidade! Está faltando privacidade. (sic)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Com a palavra a Srª Maria Regina Espíndola.
A
SRA. MARIA REGINA ESPÍNDOLA:
Boa-tarde a todos. Eu sou moradora da Vila Dique há uns 20 anos para mais. Até
agora, todo mundo falou em tamanho de casa, tamanho de não sei o quê... Eu
quero saber, e as pessoas que não tem garantias nas suas casas? Eu tenho duas
irmãs que até agora não sabem o que vão fazer! O que vai acontecer com elas?
Uma tem filho, a outra é casada, vão morar onde? Isso é um problema também. E
tenho certeza de que muitos de vocês também têm familiares na mesma situação.
Eu sei que estava havendo, sim, uma negociação e que agora parou. Qual a
segurança que a minha irmã, que tem filho, tem de quando eu sair, ela vai morar
onde? E a outra minha irmã, quando a minha mãe se mudar, vai morar onde? Casa
de Passagem, onde? Nós precisamos saber! É o mínimo que temos que saber. E eu
acho assim: eu moro na faixa e a minha mãe mora no beco, e sei, sim, que muitas
vezes ela não pode sair para a rua, principalmente para levar o meu irmão para
creche. Isso é um problema! Eu já ouvi muita gente falar: “ah, mas quem mora no
beco é porque não trabalhou, é porque não tem dinheiro para pagar as suas
coisas.” É onde dá, gente! Se cada um pensar no seu umbigo, o que vai ser do
outro? Olha, principalmente a minha mãe, ela é doente, é asmática, o meu irmão
é asmático, e quando chove ela não pode sair para a rua! Aí chega alguém e diz:
“olha a culpa é tua, tu não podes trabalhar, tu não tem dinheiro.” Eu acho que
cada um tem que pensar na comunidade, não é no seu próprio umbigo. Tem casas
maiores? Ótimo, que bom, mas vamos pensar nos que não tem casas maiores,
porque, de repente, também é um problema. Tem muitos filhos? Vamos tentar
contemplar todo mundo, não só o nosso umbigo, vocês não acham?
Outra
coisa, tenho uma filha de seis anos, que vai para o colégio, está no 1º ano, eu
achei um absurdo esse negócio da carteirinha escolar, sinceramente, porque me
passaram outra coisa. Quando eu vou trabalhar, o que eu vou fazer com a minha
filha? Tenho que levar para o colégio, mas ao mesmo tempo tenho que trabalhar,
e aí? Vamos pensar todo mundo junto, parar de cada um pensar no seu umbigo,
vamos ajudar a comunidade, que é o melhor que todo mundo tem para fazer.
Obrigada. (sic) (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Com
a palavra a Srª Marcelaine Fucks, do Clube de Mães Margarida Alves.
A
SRA. MARCELAINE FUCKS:
Boa-tarde a todos. Eu gostaria de estar aqui falando do Clube de Mães e dos
Projetos sociais que ele tem na comunidade, só que sempre nos foi prometidos
que a nossa creche que temos aqui na comunidade, a Creche Galpãozinho, que nós
atendemos cerca de 40 crianças, que quando nós fôssemos para o reassentamento
novo teríamos a nossa creche. Mas agora estamos ouvindo muitos boatos de que
não, que não será mais a nossa creche. Não temos nem ideia do que vai ser da
nossa creche.
Nós
estamos aqui hoje tentando uma resposta do Diretor do DEMHAB, para ele nos
dizer, porque na outra gestão sempre nos foi garantido que a Galpãozinho teria
a creche lá. Então eu não acho justo, se nós ficamos 20 e poucos anos na beira
de uma faixa, na beira de um valo, a nossa creche é boa, agora quando vai para
um assentamento novo a nossa Galpãozinho vai deixar de existir? Não. Nós
estamos aqui, porque queremos saber, porque até hoje nós não vimos projeto
nenhum da creche. Sempre nos dizem: “não, vai ser a creche.” Mas nós não vimos
nada. E as últimas notícias que tivemos nos últimos dias, diz que não, que a
creche vai levar dois anos para ser construída. Para nós isso é complicado! O
que nós vamos fazer com as nossas crianças que temos? Queremos respostas.
Nós
também temos outros projetos social, que é a nossa Padaria Chico Pão, que
atendemos adolescentes de 14 a 18 anos. E tudo isso nós temos espaço físico
separado. Nós temos uma padaria completa, com tudo, a cozinha equipada, uma
sala para fornos, uma sala de aula, onde as professoras ficam ensinando fora a
parte da cozinha. E aí sempre foi prometido que teríamos um espaço. Só que nós
fomos lá e viu o espaço que está sendo construído lá, e aquele espaço não dá
para compor o Clube de Mães, a nossa padaria.
Estamos
aqui querendo saber como é que fica, porque hoje aqui na comunidade nós somos
superorganizados, temos tudo, separadamente, cada um em seu espaço físico. O
Cube de Mães é a única entidade aqui dentro que tem projetos sociais.. Estou
aqui querendo respostas, para poder ficar tranquilos. Como é que vamos ir para
lá, se não vamos ter uma creche, e aí vão fazer o quê? Os pais vão ter que
trazer aqui, se a creche leva dois anos para ser construída? Isso não é justo!
Então, por isso que eu estou aqui, sabe? Em nome do clube de mães, dos projetos
dele, fazendo com que seja cumprido tudo aquilo que nos foi prometido nas
gestões anteriores. Não interessa, tem que ser cumprido. É o mínimo. Porque o
Prefeito, quando ele estava de campanha, ele vivia dentro da nossa comunidade e
prometendo para nós que tudo iria ser cumprido. Então, eu espero que ele
continue com a palavra dele. Então é isso. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Registro e convido para compor a Mesa a Srª Tatiane Vargas, representando o
posto de saúde do Grupo Hospitalar Conceição.
Concedo
a palavra ao Sr. Valter de Andrade Rossmann (Pausa.) Desiste.
O
Sr. Pedro Dias, da Uampa, está com a palavra.
O
SR. PEDRO DIAS: Em
primeiro lugar, queria saudar todos aqui, dar boa-tarde a toda a comunidade;
quero saudar o Sebastião Melo, Presidente da Câmara; e todos os Vereadores e
autoridades presentes; o Davi, representando aqui a comunidade; e também a
Presidente da Associação da Vila Dique. Eu tenho acompanhado a questão da Vila
Dique e da Vila Nazaré desde a época em que o Collares era Governador, quando
começou o projeto da ampliação do aeroporto. Naquela época, eu era dirigente da
Uampa e também assessor da Deputada Jussara Cony - hoje, assessor do Deputado
Raul Carrion -, e o pessoal se preocupava tanto com a questão do aeroporto, com
as obras, e não se preocupava com o povo.
Foi
feito em quatro etapas. Houve dinheiro para a expansão, os viadutos da Severo
Dullius, transferimos ali a Santíssima Trindade, e, gente, o que aconteceu? A
Prefeitura ia perder o dinheiro do Governo Federal em 2007. Foi feito o projeto
a toque de caixa, para não perder os recursos do Governo Federal. E o que
aconteceu, gente? Nasceu a Copa do Mundo no Brasil, e aí vocês estão sendo
tocados como bicho para tirar de lá, porque tem que aprontar o aeroporto, por
causa da Copa do Mundo.
Então,
gente, a Prefeitura não levou em consideração que estava lidando com pessoas, e
foi feito um projeto que não dá condições para as famílias morarem com
dignidade. Então, a comunidade não pode aceitar isso que foi feito com vocês aí.
Nós temos o direito de dizer não, porque aquelas casas são indignas! Não tem
como botar famílias, como vocês falaram aqui, meninas moças, pessoas morarem
como animais dentro daquelas casas ali. Aquelas casas são casas assim que não
servem para uma família digna morar, e onde é que estão todos os equipamentos
para o tamanho daquela comunidade? Quantas pessoas têm lá? Tem um
Projeto de Lei que diz que tem que ter espaço para a associação comunitária.
Tem várias creches na comunidade, tem escolas. Aquilo que está sendo colocado
lá não é suficiente, Ver. Sebastião Melo, para o tamanho da comunidade que vai
ser reassentada. Mas, com a população que já tem na volta, mais os condomínios
São Francisco, que vai ser colocado agora, no mês que vem, são mais 1.200 famílias,
mais todo o Parque dos Maias, a Grande Santa Rosa, Ipê São Borja, Vila
Amazonas, Vila da Conquista - a gente conhece as ocupações lá no Norte, gente
-, é inviável o que fizeram com vocês lá, aquilo é um gueto! É uma segregação
da Zona Norte.
Então,
gente, nós não podemos aceitar que a Prefeitura continue a fazer esse projeto
sem ouvir a comunidade, e não adianta dizer que ouviu, porque não ouviu!
Porque, como colocou aquela senhora agora da creche que falou aqui antes, que
tem oficina lá, que tem padaria, o equipamento dela não cabe no que vai ser
feito lá, e o resto da comunidade?
Então,
vou fazer uma colocação aqui, gente: eu acho que os assistentes sociais do
DEMHAB têm que consultar mais a comunidade. Não podem mais haver só o
projeto técnico, nós estamos lidando com pessoas. E hoje o Governo Federal
acena com recursos para a campanha da moradia digna para a campanha do Minha
Casa, Minha Vida, e tem dinheiro no Governo Federal!
Então,
eu acho que a Prefeitura tem que analisar melhor, tem que ver o que está
faltando nesse projeto, porque eu acho que o Diretor do DEMHAB, gente, ele não
vai concordar em confinar lá 1.400 famílias, que são mais ou menos 5.000
pessoas, se tiverem um filho, mas têm três, quatro, cinco filhos! Quantas mil
pessoas vão morar amontoadas naquilo ali, gente?
Então,
isso é inviável. Nós não podemos aceitar um projeto dessa maneira. Tem que
olhar esse projeto, e há mais projetos na Cidade, e a Câmara tem que analisar
projeto por projeto, porque é lei, e tem uma lei aprovada pela Câmara de
Vereadores em 2007 que diz qual é o tamanho do lote e o tamanho que vai ser
feita a casa. Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Senhores, temos vários colegas Vereadores que querem dar as suas contribuições.
Combinei com eles, e vamos ter dez falas da população. Faltam dois ainda para
completar dez, e aí, a partir de então, vamos fazer uma alternância, para que
os Vereadores possam também dar a sua opinião sobre o tema.
Convido
agora o Sr. Luís Berres.
O SR. LUÍS BERRES: Quero saudar a Mesa e dizer: por que
estamos aqui hoje? Eu acompanho essa discussão desde o ano passado, e,
primeiramente, havia uma proposta de reassentamento de gaveta feito em parceria
com meia dúzia de pessoas da Vila, e o pessoal sabe disso. O que aconteceu? Na
Vila Dique também, as pessoas estão cansadas de ouvir promessas. Infelizmente,
isso aconteceu de novo num ano eleitoral. Havia uma dificuldade de conversar
com as pessoas, porque elas diziam: “Nós não vamos ser reassentados, porque é
mais uma promessa de campanha”, porque era ano eleitoral. Então a Enedina ficava
com uma parte, conseguia, e os outros ficavam perdidos, se formos assim fazer
uma análise fria dessa discussão.
Deu no que deu. O DEMHAB
queria enfiar goela abaixo de morar um embaixo e um em cima, e foi feita uma
Audiência na Câmara, através do Ver Todeschini, para mudar. O DEMHAB não
compareceu. Havia propostas alternativas. Uma foi aceita, que é do sobradinho,
mas há outra, de que os moradores queriam mais tamanho de terreno em troca de
casa, aí as pessoas poderiam aumentar as suas casas. Eu acho que isso teria
contemplado a grande indústria que tem hoje na Vila. Agora, eu quero chamar a
atenção, o pessoal da Vila Nazaré que está aqui, nós alertamos eles para que
não aceitem assim a toque de caixa como foi feito lá. O DEMHAB foi insensível,
o DEMHAB só negociava com três, quatro. Nós tentávamos fazer a reunião do
comércio, a reunião saía no DEMHAB, e o pessoal do comércio e da Vila Dique não
sabiam da reunião. Então, parecia uma combinação de aprovar a toque de caixa.
Acho
que é pesado botar na cabeça do Secretário do DEMHAB um Projeto tão grande como
esse. Penso que deveriam estar participando a Secretaria da Educação e da
Saúde, porque o pessoal precisa. Mas, no ano passado, eles não participavam,
nem o Secretário do DEMHAB participava. Havia essa discussão do reassentamento
da Vila Dique que não chegava até o posto de saúde, e foi aprovado assim como
se alguém dissesse: vocês são pobres, então isso aí está bom para vocês. (Palmas.)
Eu
quero chamar atenção para o fato de que isso foi feito num ano de eleição,
havia a descrença dos moradores de que isso não sairia e que só ficaria no
papel, então a comunidade também não participou como deveria, e o DEMHAB
falhou, grosseiramente, em não escutar a comunidade do postinho de saúde, como
tinha sido a nossa reivindicação.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
Verª Fernanda Melchionna está com a palavra.
A
SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Boa-tarde,
gente, primeiro, eu queria parabenizá-los pela mobilização da comunidade e pela
unidade de vocês aqui, lutando pelos seus direitos. Isso é fundamental. Foi
fundamental esta Audiência Pública, que a Câmara muito bem mediou, dentro da
comunidade, para que todos pudessem participar e falar, e é fruto da luta de
vocês.
Para
a gente poder começar a discutir a questão do reassentamento da Vila Dique,
algumas coisas têm que mudar, alguns argumentos que estamos ouvindo por aí têm
que acabar. Primeiro, é que vocês estão ganhando, de graça, casas novas. Não é
verdade, vocês construíram a vida de vocês aqui, compraram a madeirinha,
compraram os móveis, compraram o terreno, e até aceitam discutir uma
transferência, deixando para trás tudo que construíram aqui, para morar lá,
perto do Porto Seco. O que não aceitam é morar numa casa pequena, do tamanho de
um pombal. Eu estive lá com a comunidade, vi que a casa é minúscula. No
banheiro, não cabe lixinho. E aí eu quero dizer que não é um erro técnico, é um
erro político de avaliar que para a comunidade estaria bom uma casa daquele
tamanho. Por que eu digo isso? (Ininteligível. Problema na gravação) o
problema. É verdade. Nós sabemos que vieram 39 milhões da Caixa Econômica
Federal para começar o Projeto, Sr. Davi. Mas nós estamos discutindo a vida das
pessoas, estamos discutindo a vida de vocês que vão para lá para,
possivelmente, deixar a casa para os filhos. Portanto, apesar de já ter
começado a obra, estamos debatendo o futuro. E não podemos dizer: já começou,
agora não tem dinheiro para resolver. Vamos ter que arranjar, e não digo nós,
Vereadores, depois quero entrar nisso com a comunidade, mas arranjar verba,
cortando de algumas áreas, para poder investir e melhorar a situação do povo da
Vila Dique que vai para lá.
Segundo
lugar, existe o problema da saúde, gente, que é da Cidade inteira. Lá na Vila
Santa Rosa, há um Clínico Geral para toda a comunidade. Como querem que a
comunidade da Vila Dique mude para lá sem ter garantido ainda o posto de saúde
para atender os filhos quando estão doentes, para atender alguém, enfim, quando
tem as suas mazelas, a pessoa vai o quê? Pegar ônibus, passando mal, doente,
não vai ter acesso à saúde ali, dentro da sua própria comunidade?
Em
terceiro lugar, existe questão do transporte que já é um problema, mesmo aqui,
mesmo agora, a linha que não entra, o ônibus superlotado, uma série de
problemas que não estão nem previstos para estarem resolvidos lá na Vila Dique.
Então, são problemas sobre os quais queremos ouvir respostas, e que a
comunidade seja ouvida.
Se
esteve algum candidato a Vereador aqui – eu, como Vereadora, quero dizer para
vocês - e disse que ia dar asfalto, casa, ou qualquer outra coisa, mentiu para
vocês, porque o Vereador não tem a caneta para alocar recursos, porque Vereador
faz projeto de lei, está junto na comunidade na hora da luta, vem aqui fazer
questionamento e contribuir, marca audiência pública na comunidade, como o Ver.
Sebastião Melo, mas não tem a caneta para alocar recursos, não tem os recursos
no bolso para poder distribuir para a comunidade. É fundamental que a gente
saiba isso para que, quando eles venham, a gente não caia no conto do vigário.
Contem
com o apoio da gente. Nós, do PSOL, achamos que é fundamental essa mobilização
da comunidade, porque quando estamos juntos, conquistamos, quando estamos
organizados e lutando, conseguimos melhorar a nossa vida. Parabéns, vão à luta.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
Srª Sorália Martins de Ávila está com a palavra.
A
SRA. SORÁLIA MARTINS DE ÁVILA: Boa-tarde
a todos os amigos. Bom, eu escrevi algumas palavras, porque o que tenho que
falar está entalado. Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que o Projeto
Minha Casa, Minha Vida não foi aprovado para nós, foi aprovado para as pessoas
que não têm moradia, que vivem de aluguel, que tiveram suas casas queimadas ou
que vivem em uma Casa de Passagem. Somos pobres, sim, juntamos papelão, sim,
mas temos as nossas casas que são de tábua, de material, mas são nossas. São
nessas casas que temos os nossos sonhos, temos a nossa privacidade e temos a
nossa dignidade, porque catamos, sim, lixo, mas somos limpos. Só porque somos
pobres não somos obrigados a aceitar qualquer coisa, porque, quando foi feito
esse Projeto, houve um grande erro do DEMHAB ou da Prefeitura. O tamanho das
casas não atende à realidade dessas famílias, porque não houve um levantamento
detalhado dessa comunidade. Pergunto: onde fica a privacidade de uma família
que tem oito filhos, quatro meninos e quatro meninas? Como vão dormir, como vão
se vestir? Onde está a privacidade dessas crianças? E a escola? E o posto?
Fiquei sabendo pela SMED, em uma reunião em que estive, que as obras da escola
serão finalizadas em dois anos, mas o projeto só poderá ser colocado em prática
após o final da licitação. Pergunto: onde ficam os nossos filhos e a nossa
saúde? Ficarão em último plano?
E tem mais. Fui à escola de minha filha onde foi oferecido um Tri para
uma mãe acompanhar dez crianças em um ônibus de linha. Isso é um absurdo. Fico
muito triste com o Prefeito Fogaça que não está aqui, com você, Goulart, com as
pessoas que aprovaram esse projeto, porque não pensaram que as nossas
crianças seriam o futuro de amanhã. Onde fica o artigo do Estatuto da Criança e
do Adolescente, ECA, Art. 53 (Lê): “A
criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento
de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o
trabalho, assegurando-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola”. E Art. 54 (Lê): “É dever do Estado assegurar à criança
e ao adolescente: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria”. Esse artigo foi rasgado
e colocado no lixo. Sabe, Prefeito – o Sr. Prefeito não está aqui -, estou
cansada de dialogar com o Goulart, porque sinto que ele não é homem de palavra,
mas a você, Sr. Prefeito, (Palmas.) ao qual o meu voto contribuiu para o senhor
estar aí onde está, quero sua palavra final e decisiva, que haja uma mudança no
tamanho das casas, e que o senhor não vá deixar as nossas crianças jogadas,
atiradas na crueldade, maus-tratos, exploração, abuso e opressão. Queremos,
sim, sair, mas queremos dignidade. Como foi dito que nós vamos atrapalhar o
Projeto do aeroporto, quem está atrapalhando é o Sr. Goulart e a Prefeitura,
que querem que a gente engula qualquer coisa. Aqui temos uma democracia, e quem
manda é o povo. Você, Goulart, você Prefeito, você tem que ver, com carinho, a
mudança desse projeto, (Palmas.) porque, segundo a lei, li o jornal Zero Hora,
o Presidente Lula quer aceleração nas obras. Obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Sr. Marcelo Luís Duarte Ribeiro está com a palavra.
O
SR. MARCELO LUÍS DUARTE RIBEIRO:
Pode crer, irmão, a gente está lutando pelo interesse nosso. Eu aqui estou
representando os carroceiros, os carrinheiros, eu acho que é uma injustiça
entre nós, porque – até está aqui o projeto -, porque eles queriam separar os
carroceiros e os carrinheiros, entre ambas as parte: aqui trabalhadores,
pessoas que tem par, que convivem para o bem-estar, e aqui os papeleiros e os
carroceiros. Isso é racismo, para mim, não é aceitável. Então eu acho, aqui o
senhor presente, que disse, lá na Câmara de Vereadores, que iria desfalcar 69
milhões de reais dos cofres públicos para fazer a comunidade crescer lá no
ambiente. Seguintes respostas: ele não prestou atenção que aqui tem pessoas de
bem, pessoas que trabalham; e outra, a EPTC, quando nos para na rua, ela não
pergunta “quem você é?”; Ela chega e apenas diz: “Eu quero esse lixo fora da
carroça, porque está atrapalhando o trânsito”. Outra questão: quando a gente é
parado na rua, a gente é visto como um marginal, não como um cidadão de bem. E
as casas onde a gente vai morar, onde é que eu vou botar o cavalo? Em cima da
minha cama? (Palmas.) Não posso, não é? Eu tenho que ter um espaço. (Palmas.)
Eu penso assim, eu acho que cada cidadão aqui está lutando pelos seus
interesses, não por uma esmola. E a gente é digno do que vive, não do que pede.
Então cada um aqui luta pelo que quer. E o que nós queremos é uma boa casa, uma
boa moradia e um bom lugar para se sentar sustentar os filhos, ensinar os
filhos a serem dignos e olharem para frente e não passarem a mão na carteira do
Seu Goulart. É só isso. (Sic) (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Solicito
silêncio e a contribuição dos senhores.
O
Ver. Carlos Todeschini está com a palavra.
O
SR. CARLOS TODESCHINI: Boa-tarde
aqui à comunidade presente, ao nosso Presidente, Ver. Melo; o Davi, o Pastor
Ubiratan Job, meu caro, Dr. Goulart, Aluísio, a Secretária, o Pastor Joel Neves
aqui, presente. Eu só vou me resumir a fazer um pouco o histórico, porque eu
acompanho essa situação muito de perto, desde o final de 2005, passei 2006,
2007 e 2008. Porque o Cândido já falou quase tudo aqui, porque ele presenciou e
ele foi testemunha de todas as questões. O dinheiro para aquisição dos terrenos
para reassentamento das famílias das Vilas Dique e Nazaré foi o dinheiro que a
Bancada Federal Gaúcha - portanto todos os Deputados -, destinaram para
aquisição dos terrenos, foram, mais ou menos, 5 milhões de reais, em 2005. A
verba não foi usada em 2005, e quase foi perdida, e foi graças a uma ação feita
na Câmara que ela foi salva para 2006. Em 2006, estava sendo adquirido aquele
terreno atrás das olarias, lá no Beco Parise, lá no fundo, que, felizmente, foi
condenado, porque era um banhado aterrado por caliça – lembra muito bem, não é,
Cândido? -, mas tinha gente querendo comprar aquele terreno. E graças aos
laudos dos técnicos do DEMHAB é que aquele terreno não foi comprado, porque
senão a casa seria feita, iria rachar e cairia, porque aquilo é um banhado.
Depois foi adquirido esse outro terreno ali próximo ao Porto Seco, e essa
comunidade e a Vila Nazaré, aqui está o Euclides, também eu vi antes a
Madalena, está aqui ela, era um projeto único, e, com o passar do tempo, foi
identificado que a Vila Nazaré não aceitou o projeto, as lideranças não
aceitaram. Então ficou a Vila Dique sempre querendo discutir o projeto, no
entanto, esse clamor não foi atendido, não foi uma, nem duas, nem três, eu
lembro, pelo menos, de uma meia dúzia de reuniões que nós fizemos na Câmara,
nas Comissões, com a presença dos Vereadores, em que o DEMHAB não apareceu,
Melo. Eu lembro que a última foi uma reunião dos comerciantes, porque o
assunto, o que queria, o que precisava ser discutido era o projeto. As pessoas
diziam o seguinte - e eu lembro muito bem, como se fosse hoje: “Nós aceitamos,
inclusive que diminuam o tamanho das casas, se for o caso, para que a gente
tenha um pouco mais de espaço, um pouco mais de terreno para respirar”, isso
foi proposto. Nós temos o problema dos cavalos, que é a máquina de tração de
30% da renda aqui da Vila Dique, isso também tinha que ter sido pensado, e não
foi. Portanto é real aqueles que estão criticando aqui a antiga diretoria do
DEMHAB, que não deu ouvidos, porque a solução e alternativa poderia ter sido
construída em consenso. Por que ninguém deve querer que as pessoas tenham um
benefício, tenham um ganho, tenham, enfim, uma saída para um lugar melhor,
salubre, e onde todo mundo esteja triste? Ao contrário, era preciso que todo o
mundo compusesse o novo projeto, através da discussão.
Até
agora, a Vila Nazaré ainda não aprovou projeto nenhum, apesar de tudo que
aconteceu durante a eleição, mentiras e promessas. Então, fiquem atentos. Mas
foi diferente, infelizmente, aqui na Vila Dique.
E, aí, eu lembro de uma
reunião que teve, que participei, na qual fui insultado pelo ex-Diretor do
DEMHAB, na Associação do Porto Seco, e quem estava lá, viu quando o projeto foi
apresentado, foi jogado, não tinha aparelhagem de som, e o Secretário subiu lá
e falou do projeto. Foi assim, foi jogado.
Acho
que vocês são, de fato, vítimas de uma situação de péssima e equivocada
condução política pela Diretoria anterior do DEMHAB.
A
questão da escola, a questão da creche, a questão do posto de saúde, ficou
garantido que seriam iniciadas as obras logo. E, no entanto, elas estão, no
mínimo, dois anos atrasadas. E lá no entorno, Santa Fé, todas aquelas
situações, aquelas vilas lá, já estão todas estranguladas, sem nenhuma
capacidade de atender a ninguém.
Para concluir, eu espero,
e conto, que vocês também possam contar com a sensibilidade do Dr. Goulart.
Pelo menos, eu tenho experiência de que ele é uma pessoa acessível, e os
equipamentos sociais - escola, creche, posto de saúde -, são para ontem. Isso
não tem nem discussão.
Mas
a questão do projeto, apesar do dano, Goulart, espero que alguma coisa ainda
seja feita para confortar essas pessoas. Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
A Srª Salete Alminhana.
A
SRA. SALETE BASSO DE LIMA ALMINHANA:
Boa-tarde, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, e, em seu nome,
cumprimento os demais componentes da Mesa.
Sou
do Conselho Tutelar da Microrregião 10, atualmente, nós não atendemos a Vila Dique.
Nós passaremos a atender vocês a partir do momento em que vocês forem
transferidos para aquela área.
Eu
hoje venho, aqui, não com boas notícias para vocês. E, ao contrário, gostaria
muito de ajudar e estou, aqui, me colocando à disposição da comunidade, como
fiz anteriormente. Mas aquela região que vocês estão indo está para explodir a
qualquer momento. É uma panela de pressão. Por quê? Porque todos os
reassentamentos estão sendo colocados naquela região, no bairro Mario Quintana,
e na região do Ruben Berta, e nenhuma escola é construída. Muito poucas creches
são construídas naquela região. E o que ocorre ali, para dar um exemplo das
escolas próximas da região de onde vocês vão morar – nem vou falar das
distantes, porque estas também não têm vagas - a Escola Estadual Bento
Gonçalves não tem vaga; a Escola Municipal Ildo Meneghetti não tem vaga; a Poty
Medeiros não tem vaga, que é estadual; e a Lídia Moschetti não tem vaga.
Temos inúmeras crianças
que são transferidas, e, pasmem, até hoje nós temos problema em relação a vagas
em escolas na nossa região. E aí quando uma criança não vai à escola, o pai que
é negligente! Só que o Conselho Tutelar da Micro 10 está acompanhando essa
situação, e nós vamos representar o Estado, porque quem está sendo negligente é
o Estado, é omissão do Estado não colocar uma escola na Vila Dique, que
receberá reassentamentos.
Nós,
enquanto Conselho Tutelar, sabíamos que a escola seria construída, e não
estávamos acompanhando, porque achávamos que, quando a comunidade fosse para lá,
a escola seria construída. E não será, porque a Secretaria de Educação do
Município – SMED – nos comunicou em uma reunião com o DEMHAB, há alguns dias,
que a escola está sendo licitada. E, depois da licitação, o tempo para a
construção da escola é de dois anos. Mais uma vez, direitos de crianças e
adolescentes estão sendo violados. Lá no art. 53, do ECA, inciso V, diz que a
escola tem de ser próxima da residência. Agora, vocês imaginem, eu queria
perguntar se algum Secretário, ou alguém aqui, teria coragem de pegar seu filho
de 6 anos de idade e dar um cartão a ele com Vou à Escola, e ele pegar um
ônibus até a Vila Dique? Isso é negligência. E não é negligência dos pais,
porque vocês estão aqui, hoje, cobrando do Município e do Estado para que seja
construída uma escola. (Palmas) E nós não podemos aceitar isso, porque gerará
outra violência contra essas crianças e adolescentes. Vai gerar exploração
sexual, e mais, está aí a mídia com a epidemia do crack, coisa que temos
muito lá na região, e como é que vocês vão liberar um filho sozinho?
Então, estamos nos
organizando e convidamos vocês, para levarmos o assunto ao Ministério Público,
dizendo que não aceitamos, e que não há condições de a Vila Dique ir para lá
sem construção de escola, ou outra solução viável, mas sem as crianças terem de
pegar um ônibus de linha para o deslocamento até a Vila Dique. E, também, a
falta de vaga nas creches, e a SMED sabe disso. Palmas.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Srª Ivani Freitas Pires.
A
SRA. IVANI FREITAS PIRES:
Boa-tarde a todos.
Eu gostaria de dizer que,
eu faço parte da CAPs, das casinhas lá, e me colocaram na comissão, e eu vou
dizer para vocês, e muita gente não foi lá ver a casa, não tem como botar um
fogão de 6 bocas lá naquela casa. Não tem como.
Outra
coisa que a gente viu, eu falei com eles lá, e o próprio engenheiro deles me
disse que não tem como botar uma cama grande para botar os filhos de vocês. E
tem uns que têm 6 filhos. Aonde é que vão botar? Três homens e três mulheres.
Tudo junto? Todo o mundo tem filho moço. Aonde é que vão botar?
Então,
não tem escola, não tem nada. Vão tudo que nem bicho. Só vão saindo, sem
direito de falar alguma coisa.
Outra
coisa, foi dito lá no Colégio Imigrantes, nas reuniões, não foi falado aonde
vão botar o comércio, quer dizer que os comércios vão ficar tudo junto? Até
agora não se ouviu falar em comércio nenhum. Só casa, casa, casa. E nós
dependemos do nosso comércio para comer e beber. Eles não vão junto com nós?
Quer dizer, nós vamos pedir emprestado para outros, sem conhecer ninguém lá?
Era isso que eu queria dizer pra vocês aqui. Espero que hoje a gente tenha uma
solução, temos de sair daqui com uma solução definida. Se não fica essa
picuinha, é para amanhã, é reunião, e não resolvem nada. Já estamos cansados de
reunião. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Senhores, eu quero fazer uma sugestão, e sugestão é sempre sugestão, ela pode
ser aceita ou não. Eu acho que uma audiência pública, quando ela começa a ficar
muito repetitiva, às vezes, ela vai perdendo o seu objetivo. Eu acho que as
pessoas que estão escritas é um grande momento de colocar as suas angústias, os
seus questionamentos, e solicitar do Poder Público. Então, essa é a sugestão
que eu faço àqueles que ainda restam para falar. Mas vou assegurar a palavra de
todos, apenas é uma sugestão.
O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Eu
quero cumprimentar a todos e lembrar àqueles que estiveram conosco na Câmara de
Vereadores do que eu disse naquela ocasião. Fui um dos que me somei com o
Colégio de Líderes, para que nós pudéssemos estar hoje aqui reunidos nesta
Audiência. Disse, que naquela ocasião, que eu não estava me manifestando porque
antes eu queria ouvir a opinião e a reivindicação da comunidade, que não estava
ocorrendo naquele dia, e que hoje ocorre em profusão.
Eu
tenho, nesta Audiência, algumas coisas a meu favor e algumas coisas contra mim.
Tenho a meu favor no seguinte: ninguém vai me dizer aqui que eu vim pedir voto
e fazer promessas, porque não vim. Alguém me viu aqui pedindo voto ou fazendo
promessas? Se me viram, digam logo. Isso eu tenho a meu favor.
Contra
mim eu tenho o mesmo fato, devia ter vindo aqui pedir voto, porque aí eu já
estaria conhecendo o problema desde o ano passado, e poderia ser testemunha de
vocês nas alegações de que houve promessas, que estão sendo negadas, e não
estão sendo cumpridas.
Então,
eu quero dizer muito pouca coisa, para continuar ouvindo. As promessas que
fizeram para vocês haverão de ser cumpridas, pelo menos, se depender de mim. Eu
tenho a meu favor algumas outras situações, entre as quais as circunstâncias de
que o meu Partido não tem representação dentro do Governo, não podemos ser
culpados. Mas isso não me tira a responsabilidade, até porque eu sou amigo do
Diretor-Geral do DEMHAB, eu já passei pelo Departamento Municipal de Habitação,
e sei quais são as dificuldades.
Agora,
me sinto tranquilo para fazer uma sugestão. É bom que a gente concentre um
diálogo com determinadas pessoas, e eu posso assegurar para vocês o seguinte:
se a coisa vai mal com o DEMHAB, vai muito pior sem o DEMHAB, porque eu conheço
o pessoal do DEMHAB, eu sei que ninguém lá teria a ousadia de negar para vocês
o direito de ter uma escola para o filho de vocês, no lugar onde vocês estão
sendo reassentados.
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O
SR. REGINALDO PUJOL: Não
pode. Esse assunto tem interesse do Governo Federal? Tem. Até recursos estão
colocados aqui. Tem do Governo do Estado? Tem. Tem da sociedade de Porto
Alegre? Tem. Tem da Prefeitura. Tem de todos, e vocês não podem ser “mariscos”.
Se todos querem ver resolvida essa situação, todos têm que colaborar, para que
ela seja bem resolvida. E para bem resolver essa situação, nós temos que ter
uma readaptação da vida dos senhores, das senhoras, no novo local, adequada.
Pode faltar alguma coisa? Pode. Mas não pode faltar a todas as coisas, e pelo
jeito está faltando todas as coisas.
Por
isso, então, eu quero dizer a todos que eu não faço parte da comissão designada
para, na primeira linha, dialogar com os senhores e montar esse processo que
está se desenvolvendo. A comissão é muito boa, é constituída de uma Vereadora
da região, a Verª Maria Celeste, Vereadora do Partido dos Trabalhadores, é
constituída pelo Vereador, Líder do Governo, que hoje por uma razão qualquer
não está conosco, e é constituída também por um dos integrantes do Governo, o
Ver. Proença, cujo Partido tem vínculo com o Governo do Estado. Então, está
todo mundo na parada. E eu que não sou de Governo nenhum, quero dizer o
seguinte: estou com vocês. Se não puder fazer muito, porque a Fernandinha, que
é Vereadora há pouco tempo, se deu conta, que Vereador não tem a caneta na mão
e nem dinheiro no bolso, mas ele tem voz, tem capacidade de cobrança, e eu
estou ouvindo e ouvirei mais ainda as condições de vocês. E, se realmente, e eu
não tenho nenhum direito de duvidar daqueles que aqui falaram, existem
promessas que não foram cumpridas.
O
Governo é um só, a responsabilidade é única, até porque coincide com o Governo,
e não é um novo Governo, é um Governo que foi renovado. Por isso que eu quero
dizer, Presidente Sebastião Melo, não preciso ser de comissão nenhuma para
tomar posição, e a minha posição começa a ser tomada no dia de hoje - e outra
não poderá ser -, de exigir justiça e correção no desenvolvimento desse
processo. Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
O Sr. Marino Campos, da Associação de Moradores da Vila Nazaré, está com a
palavra.
O
SR. MARINO CAMPOS:
Boa-tarde a todos os presentes. A Associação de Moradores da Vila Nazaré soube
através dos jornais que teria esta Audiência Pública, por isso nós nos fizemos
presentes. A nossa Presidenta, Maria Madalena, o nosso Vice, o Quide, eu, como
Secretário, vimos colaborar com esta Audiência Pública, que desde o princípio foi
um processo único, depois ele se separou.
A
Nazaré tem aqui o apoio da nossa Associação, como foi falado já aqui, que a
Nazaré até hoje não aprovou projeto nenhum, a Nazaré não tem. Hoje ela tem a
compra de dois terrenos, vamos dizer assim, onde a nossa comunidade, ao invés
de ser transferida em uma só, ela vai ser dividida, mais ou menos, em quatro.
Quer dizer, o nosso problema está sendo tratado.
A
gente vem, desde o início desse processo de separação, buscando informações e
correndo atrás do nosso Projeto, marcando audiência pública na Câmara de
Vereadores. Quando se fala de Nazaré, nós estamos presentes, e hoje a gente não
poderia deixar de prestar a nossa ajuda ao pessoal. A gente poderia também ter
ficado sentado, mas, no momento em que tocaram no nome da nossa Associação, da
Nazaré, do nosso Projeto, nós viemos aqui dizer que, se o abacaxi,
infelizmente, da nossa comunidade Dique está montado, com o projetinho pronto,
a gente, da Associação da Nazaré, está dizendo hoje, aqui, que o nosso processo
já estamos correndo atrás, já estamos lá na frente para não deixar nascer esse
abacaxi. O nosso abacaxi não nasceu. Agora, queremos deixar o nosso apoio à
Associação do Dique, porque o nosso projeto, aparentemente, também foi
apresentado igual, seria o mesmo projeto, e a nossa comunidade não aprova. Já
passamos o projeto para o DEMHAB, fizemos contato com o Goulart, que,
infelizmente, pegou esse abacaxi e vai ter de descascar. Só o que eu acho é que
esse projeto pode demorar muito tempo, quer dizer, o abacaxi, hoje, está na mão
do Sr. Goulart, amanhã ele pode não estar na mão do Sr. Goulart - isso eu falo
do projeto Dique, o que dirá o da Nazaré que vem em segundo plano. Quer dizer,
estamos deixando aqui a nossa colaboração e dizer que a gente está sempre disposto
a ajudar porque a gente também não concorda com o tamanho de casa, mas o
projeto Nazaré ainda não existe. A gente quer dizer para vocês que nós não
aprovamos o projeto e estamos com vocês nesta luta. Eu acredito que o DEMHAB
vai ter toda a sensibilidade, e, se vai ter que se dar um jeito, nós vamos ter
de conversar para ver o que pode ser feito. Eu quero dizer que a gente não quer
deixar o abacaxi, que nasceu, infelizmente, na Comunidade do Dique, nascer na
Nazaré, porque amanhã o Sr. Goulart está fora, o Fogaça está fora, o Sebastião
Melo está fora, e o abacaxi já ter nascido. Então, nós estamos deixando o nosso
apoio aqui e contando com a ajuda de quem for, todo mundo que está aqui pode
nos ajudar no futuro, pois o nosso futuro também vai ser de briga em cima desse
projeto.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito
obrigado. A Srª Maria Madalena, Presidenta da Associação de Moradores da Vila
Nazaré, está com a palavra.
A
SRA. MARIA MADALENA WERGUTZ: Eu
quero desejar uma boa-tarde a todos, principalmente, à Comunidade da Vila
Dique, que nós somos o povo; saudar à Mesa, na pessoa do Sr. Sebastião Melo;
aos demais amigos que estão aqui que já conhecemos. Não poderíamos, como disse
o Marino, deixar de estar aqui, porque, quando se fala em Dique, fala na nossa
pessoa, pois temos muitos amigos, muitos irmãos que moram naquela Comunidade.
Quando tivemos a nossa primeira reunião sobre reassentamento das vilas, junto
com o Sr. Paulo, fomos ao CAR, juntamente com a Srª Eva Inês, e quando pegamos
o projeto, vocês sabem, ele já estava em andamento, como era de costume do
Governo, o pacotinho pronto. Então, quando chegamos lá, ele já estava em
andamento, e o que nos restava dizer naquele momento era que os 38, 42 metros
quadrados não serviriam para nossa Comunidade. E, com certeza, assim como lá na
nossa Comunidade têm pessoas que não aceitam esse projeto, acredito que, se
fosse bem mais divulgado, vocês não estariam aqui nesse processo. Então, não
aceitamos, não temos nada construído e acredito que ainda vai demorar mais o
projeto, porque é muito complexo quando se fala da minha casa ou da casa das
pessoas. Então, é bem amplo esse assunto lá. Nós estamos em andamento, ainda
não concluímos e vai demorar para chegar a essa conclusão. Para a Enedina e ao
Sr. Davi queremos dizer que o nosso apoio é completo, no que vocês precisarem
da nossa ajuda, se precisar mobilizar toda a Comunidade da Nazaré em favor a
vocês, nós estaremos juntos com vocês onde vocês precisarem. Porque muitas
coisas foram ditas aqui, muitas falas, dependem do nosso voto para estar onde
estão: o Prefeito, os Vereadores, todo mundo. Então, é muito fácil na hora da
fragilidade da Comunidade falar da sua casa é onde garante muito voto, mas
dentro de Porto Alegre, é democrática a Participação Popular e não pode ser
construído nenhum Projeto dentro de Porto Alegre, principalmente habitacional
se não tiver aprovação nossa. Quero falar também da questão dos terrenos das
Igrejas. Eu faço parte de uma Comunidade Evangélica, Assembleia de Deus, e sei
que a construção dessas Igrejas foram feitas com ofertas de fiéis, é o povo que
constroi dentro das Comunidades, a sua casa, o seu Centro Religioso onde quer
participar. E isso tem de ser respeitado. E quando se fala em reassentamento,
se fala de uma amplidão de coisas, que tem de serem discutidas com a
Comunidade. Não podemos transferir problema daqui para lá, se vai mudar a vida
das pessoas, tem de ser um processo efetivo de mudança, não transferência de
problemas. Estamos aqui, e estamos começando gente! É isso que queremos dizer.
(Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Com
a palavra a Verª Maria Celeste.
A
SRA. MARIA CELESTE: Boa-tarde,
Comunidade; boa-tarde à Mesa, Ver. Sebastião Melo, Diretor do DEMHAB, na sua
figura, cumprimento a todos os representantes da Prefeitura Municipal; um
cumprimento muito especial ao Pastor Ubiratan que está conosco; aos demais
membros da Igreja da Assembleia de Deus, Pastor Joel que representa a Igreja
Assembleia de Deus da Vila Santa Rosa, Pastor Davi que gentilmente sede este espaço,
é uma alegria poder estar aqui. Eu quero retomar apenas dois temas que já foram
debatidos, mas que eu acho extremamente importante que ainda não foram
colocados sobre outros aspectos. Primeiro deles é o tamanho das casas. Eu
penso, Dr. Goulart, e nós já temos conversado sobre isso, e agradecer aqui a
vontade que o Dr. Goulart tem tido de ouvir a Comissão de Moradores, de buscar,
encontrar soluções mas que até agora não nos foi apresentada e eu espero que
esta Audiência Pública seja para isso, inclusive da conversa que o Dr. Goulart
teve com o Prefeito sobre esta Audiência Pública, nós queremos hoje, aqui, e
viemos todos aqui, Câmara de Vereadores e comunidade, para buscar respostas.
Em
relação ao tamanho das casas, existe uma grande dificuldade, uma grande
confusão. O primeiro projeto havia sido apresentado que as moradias seriam de
42 metros. Hoje, já não será mais, será de, no máximo, 39 metros quadrados, o
que dificulta, e muito, a vida de todo mundo. Penso que o projeto inicial, a
proposta inicial, o programa que foi levantado na configuração da organização
das famílias ou na verificação do número de famílias da Vila Dique, não foi
levado em consideração o número de integrantes que compõe as famílias. Por isso
essa grande angústia, essa grande dificuldade, sequer cabe um fogão de seis
bocas, como foi falado por uma senhora aqui; sequer há espaço para acomodação
de dois filhos, quanto mais para as famílias que têm dez filhos. Essa é a
realidade da Vila Dique, nós sabemos do grande número de famílias com um grande
número de integrantes, qual é a solução, então, que o DEMHAB traz neste momento
para este problema criado em relação às famílias grandes, em relação ao tamanho
das casas? Isso é importante que fique claro, porque assim, de fato, as pessoas
vão conhecendo o projeto e vão confiando no projeto. A segunda questão também
diz respeito ao tamanho das casas, as famílias que têm portadores de
deficiência, isso tem que ser levado em consideração, não nos parece que foram
apresentadas propostas e alternativas para essas famílias. Então, queremos,
também, solução e resposta, porque nós sabemos que os sobradinhos terão escada.
Então qual é a proposta do DEMHAB para aquelas famílias que têm pessoas
portadoras de necessidades especiais na sua configuração?
Outro
aspecto que quero falar, é o aspecto da escola, da possibilidade de construção
de equipamentos antes que as pessoas sejam transferidas para lá. Peguei um
relatório inicial do levantamento feito pelo DEMHAB aqui na região, e consta,
Secretária – que bom que a Secretária Municipal da Educação está aqui –, que
existem, naquele relatório preliminar, moradoras da Vila Dique, mil crianças
até seis anos de idade e 1.099 crianças e adolescentes de sete a quatorze anos.
Há esse dado no relatório oficial do DEMHAB, então gostaríamos de saber como é
que serão acomodadas essas crianças e esses adolescentes lá naquele espaço?
Mais do que isso, há necessidade de que, antes que as famílias sejam
reassentadas, tem que estar ali o equipamento da escola, tem que estar ali a
creche comunitária ou a escola infantil, todos os espaços definidos e
necessários para a comunidade.
Hoje
nós viemos buscar respostas, e quero sair daqui, Dr. Goulart, que representa o
Prefeito Fogaça, e a responsabilidade desse reassentamento é da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, é importante dizer aqui, os Vereadores propõem
audiência pública, propõem a mediação, propõem um diálogo, mas a
responsabilidade, quem tem a caneta na mão é a Prefeitura Municipal de Porto
Alegre, através do Prefeito Fogaça. Se ele esteve aqui, prometeu uma série de
questões e coisas para vocês durante a campanha; agora ele vai ter que cumprir
porque a Câmara Municipal está aí para fiscalizar, e nós queremos saber, então,
qual o cronograma de implantação dos equipamentos, especialmente escola, posto
de saúde e a creche? Qual o cronograma? Nós precisamos saber disso. Qual será a
área de preservação ambiental, se é que existe e está prevista no projeto? Onde
estarão as praças? Nós sabemos que 70% da população da Vila Dique tem até 30
anos. Não estou contando nem as duas outras vilas que estão ali, a Vila Keddie
e a Vila Morada do Sol, que também compõem uma grande parte de jovens ali. Onde
estarão os equipamentos que vão atender essa população que precisa de lazer, de
esporte, e de que forma serão construídos? Para finalizar, sei que já passei do
meu tempo, mas vim aqui buscar respostas como todos vocês que estão aqui, as
questões do comércio, como é que ficam, que é a grande discussão que a Câmara
tem tratado desde o ano passado? Os espaços para as igrejas, todas aquelas que
estão colocadas, inclusive contempladas no relatório apresentado que foi me
fornecido esta semana, e qual é, de fato, a alternativa para aumentar as casas?
Se há, diga; se não há, diga agora para que se busque uma outra proposta, uma
outra solução. Muito obrigada. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Senhores,
estamos nos encaminhando para ouvir o Governo, já haviam até encerrado as
inscrições, mas há mais uma solicitação, não quero prejudicar nenhuma fala.
Mas, a partir de agora, portanto, não vou receber mais inscrições, a última
fala da comunidade é o Sr. Ademar Euclides Duarte, da Associação da Vila
Nazaré.
O
SR. ADEMAR EUCLIDES DUARTE: Eu
desejo cumprimentar a Mesa e todos os moradores. Vou falar só duas coisas:
quero parabenizar a diretoria e dizer que o tamanho das casas eram de 120
metros quadrados. Agora, na Lei nº 464, são 75 metros quadrados de área
construída, e eles estão dando 38 metros quadrados, que seriam 75. Quero dizer
que nós estamos juntos com a diretoria, estamos aqui lutando pelo nosso
direito. Nós não queremos sair, nem fizemos questão, mas se a obra do aeroporto
tem que ser aumentada, tem que nos dar morada digna, porque as nossas casas
foram construídas com nosso suor. Eu desejo um abraço a todos. Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Concedo a palavra, pela ordem, ao Ver. Toni Proença.
O
SR. TONI PROENÇA: Prometo
a todos que vou ser bem breve. Acho que tudo já foi colocado, todas as
reivindicações, as inquietações, as inconformidades da comunidade. Estamos
todos loucos para ouvir o Governo, estão aqui o Dr. Goulart, a Srª Cleci Maria
Jurach, Secretária Municipal de Educação; um cumprimento muito especial ao
Presidente da Câmara, Ver. Sebastião Melo, e aos Vereadores presentes e os
funcionários da Câmara. O Ver. Pujol se referiu a uma Comissão da qual faziam
parte, eu, a Verª Maria Celeste, a Verª Fernanda, que, na verdade, era para
montar esta Audiência. Estivemos aqui na terça-feira de noite, conversamos com
a comunidade, e ali se construiu esta Audiência, que, aliás, quero parabenizar
as lideranças, a Enedina e o Davi, todos que se manifestaram aqui, a
comunidade, pela forma como se manifestaram, pela forma como se comportaram.
Quando falo em comportamento, acho que esta Audiência estabelece um novo marco
no comportamento que tem que ter a comunidade e o Governo para restabelecer o
diálogo, a harmonia para ir construindo as soluções. Disse bem aqui o Euclides,
quando se manifestou rapidamente, que é o seguinte: a Cidade tem uma dívida com
vocês; a Cidade quer ampliar o aeroporto. E vocês querem também que o aeroporto
seja ampliado, mas querem construir uma transferência com dignidade, uma
transferência que cause o menor transtorno possível para as famílias. Portanto,
está dada a principal condição para a gente resolver os problemas.
O
Dr. Goulart recebe, aqui, o carinho da comunidade, quando todos dizem que ele
recebeu “um abacaxi”. Então, todos concordam que esse “abacaxi” que o Dr.
Goulart recebeu tem que ser descascado numa parceria harmônica entre a
Prefeitura, através do Dr. Goulart - e ele vai ele organizar as outras
Secretarias, para ter o posto de saúde, para ter escola, para ter um local para
os cavalos, enfim, para resolver os problemas todos que foram debatidos aqui.
Mas todos sabem que, agora, é preciso sentar e dialogar, dialogar, construindo
as soluções. E essas soluções só aparecerão se houver uma parceria, uma
harmonia e um diálogo constante, todos dos dias, entre a comunidade e o
Governo, porque, assim, os problemas serão resolvidos.
Quero
agradecer aos Pastores, que nos cederam o espaço - o Pastor Ubiratan, o Pastor
Joel, o Pastor Davi, o Pastor Daniel -, pela possibilidade de a gente construir
esta Audiência Pública aqui. E quero dizer a todos o seguinte: a partir de
agora, a Câmara Municipal, que gerou a possibilidade de restabelecer o diálogo
entre a comunidade e a Prefeitura, para que se construam soluções, vai estar
sempre prestando a atenção para que as construções construídas aqui sejam para
ir avançando. Senão, como disse bem a Verª Maria Celeste, enquanto a gente não
construir a solução, não termina o diálogo, e vamos continuar conversando.
Parabéns a todos pelo comportamento e pela luta de vocês! (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Com
a palavra o Tenente-Coronel Pereira, que nos honra com a sua presença.
O
SR. FLORIVALDO PEREIRA DAMASCENO: Em
primeiro lugar, gostaria de dizer que, para nós, do 20º Batalhão, é muito
importante estarmos presentes aqui, mesmo não sendo a área do meu Batalhão. E
quero dizer que todas as vezes que a Câmara de Vereadores chega na área do meu
Batalhão, faço questão de estar presente. É muito importante a gente ter essa
via de duas mãos permanentemente aberta. É só desta forma a gente vai crescer.
Eu tenho dito sempre que eu não acredito em desenvolvimento sustentável: eu
acredito em crescimento sustentável, porque todo empreendimento gera impacto.
Então, a gente tem com os seres humanos, com os seres vivos, que procurar
buscar os melhores projetos.
Eu
também gostaria de saudar todos os Vereadores presentes, a comunidade, a
comunidade da Vila Dique, da Vila Nazaré, que está presente, aqui - a gente tem
conversado.
Ver.
Sebastião, por que eu pedi a palavra? Já houve uma manifestação minha com
relação ao DEMHAB, no jornal Zero Hora, e eu fui mal compreendido, porque,
quando saiu aquela matéria no jornal Zero Hora, eu praticamente fui agredido
verbalmente por algumas pessoas, por telefone, mas as pessoas não me conhecem e
falam de mim sem saber o que a gente pode construir. E eu não aceito que a
Brigada só seja chamada para levantar cadáver. Eu não aceito que a Brigada só
seja chamada na Vila depois que a desgraça aconteceu. E, hoje, a comunidade de
Porto Alegre, a comunidade do Brasil está contaminada pela porcaria da droga.
Eu tenho dito, na área do meu Batalhão, nós temos 99 vilas. A Vila Dique indo
para lá, vão ser 100 vilas. E nós estamos atendendo todas as vilas. E também
não aceito dizer que tem problema de segurança lá, porque não tem. Eu não vou aceitar
que, na área do meu Batalhão, as pessoas digam que não tem segurança. Eu,
quando cheguei no Batalhão, aqui, em 30 de novembro de 2007, eu só acreditava
numa porta para a comunidade, que era a educação. Hoje, eu mudei; hoje é
educação, saúde e segurança, que têm que estar atreladas. Este tripé a
comunidade tem que buscar e lutar. Segurança na área do meu Batalhão, nós
estamos dando. Segurança, nós com a Prefeitura, já estamos implementando. No
ano passado, foi assinado, aqui na Vila Elizabeth, acima do Sambódromo, tem uma
área de 400 metros quadrados, - me desmintam se não é verdade - e lá vai ser
construída uma base da Brigada, que vai atingir a Vila Amazônia, a Vila Vitória
da Conquista, vai pegar essas vilas que estão chegando; vai pegar, também, na parte
de cima a Vila Costa e Silva, Esperança; nós vamos atender melhor aquela
comunidade.
Então,
as pessoas não podem falar que tem problema de segurança, porque nós estamos
buscando alternativas. O que é a Zona Norte, pessoal? Como aconteceu a Zona
Norte? Não tem, joga para a Zona Norte. Só não se lembraram dos problemas desta
população. E não estou culpando a Prefeitura, eu estou dizendo como surgiu
Porto Alegre. Põe a morar no Parque dos Maias, põe no Leopoldina, põe no Rubem
Berta, lá eles se acertam.
Hoje
à tarde eu vi lá no Mário Quintana que está sendo preparado um terreno para ser
construído mais um condomínio de média e alta classe, no meio da Vila! E a
Brigada está acompanhando esses procedimentos. Nós estamos buscando com todos
os condomínios e os projetos novos a parceria permanente. Em momento algum nós
queremos guerra com o Município ou com as obras do Governo Federal. Nós
queremos é juntar as nossas misérias e fazer uma busca constante para que a
comunidade tenha segurança e tranquilidade.
E
quero dizer ainda - e eu tenho batido sempre -: 99% das pessoas que moram nas
vilas são gente boa, são gente decente. Um por cento é que é vagabundo, um por
cento é que é traficante.
O
pessoal do DEMHAB me ligou quando começaram a construir a primeira base lá:
“Coronel, tenho informação de que vão vir 80 armados lá da Vila Dique, da Vila
Nazaré, e vão metralhar. Mandei levantar, mandei buscar, mas, independente
disso, passei a noite esperando que viessem. Eu, pessoalmente.
E
vou dizer mais uma coisa: a comunidade tem o dever de denunciar traficante, de
denunciar bandido. Por que nós temos traficantes? Porque, quando eles eram
crianças, não foram tratados adequadamente. E, se nós não cuidarmos as crianças
de hoje, amanhã eles serão traficantes.
Nós
estamos recebendo 120 soldados, que nós vamos formar na Zona Norte. Então, eu
não aceito que as pessoas que não sabem o que está acontecendo em termos de
Brigada, falem. É muito fácil falar. E posso dizer, com toda a tranquilidade,
com esse aumento do efetivo, com as viaturas novas que recebemos, e vamos
receber mais viaturas, as pessoas de bem andam bem; as pessoas que andam do
lado do mal, que vão buscar drogas, que vão fazer mal para as pessoas, essas
têm que prender e botar na cadeia mesmo. Porque não é justo. Hoje, qual é a
nossa guerra na Zona Norte? É o homicídio, que é do Rubem Berta e do Sarandi,
mas 80% dos homicídios são de pessoas envolvidas com droga e têm antecedentes.
Então, o que está acontecendo? A contaminação pelo uso da droga. E só tem o traficante,
porque tem quem compra a droga. E esse ciclo a gente tem que cortar. Então, é
nesse sentido que a gente quer estar abraçado com a Saúde, com a Educação, e
vamos dar todo apoio, para que as pessoas que querem ocupar a nossa área, do
20º Batalhão, sintam tranquilidade, apoio e parceria, inclusive para projetos
sociais, que é o que nós vamos buscar, permanentemente. Obrigado, Sebastião.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Quero
fazer uma sugestão: que vocês possam ouvir, com atenção, o Diretor do DEMHAB,
porque, ao final, vamos fazer os encaminhamentos, os desdobramentos da reunião.
Agora, se o Diretor começar a falar e for interrompido, interrompido, ele não
vai poder expor, e vocês vão ter direito, depois que ele falar, de novamente
tirar as dúvidas. Então, para o bom andamento, para o avanço, que os senhores
possam escutar, atentamente, mesmo que discordem dele, e eu garantirei a
palavra a vocês depois da fala dele, da fala da Cleci, para que os senhores
possam dizer que não concordam. Mas é importante que os senhores ouçam com
atenção.
O
Goulart é um médico muito sensível, foi Presidente da nossa Casa, e todos nós,
Vereadores, temos por ele um carinho muito grande – é um homem muito sensível.
E eu sei que ele saberá, sob a batuta do Prefeito Fogaça, fazer as correções
necessárias. Com a palavra o Sr. Humberto Goulart.
O
SR. HUMBERTO GOULART: Muito
obrigado. Meus queridos, minhas queridas, boa-tarde. Queria agradecer ao Ver.
Sebastião esta oportunidade de a gente poder conversar mais a fundo sobre esse assunto
que se fala tanto na Cidade e não temos as respostas; ficam as dúvidas, ficam
as elucubrações, e a partir de hoje, vamos poder chegar então ao que o Governo
tem para oferecer. Queria agradecer também a presença dos Vereadores, meus
queridos amigos que aqui estão, que procurei sempre ajudar na hora que foi
preciso, em qualquer momento, não só como Presidente, como Vereador e como
Secretário agora, e dar um abraço na Eledina querida, que gosto muito e admiro,
uma vez que tem posições bem firmes; o Paulinho tem posições boas também.
Queria dar um abraço também no Cândido, mas ele já foi - gosto do jeito de ele
falar. Estava aqui a Madalena, não sei se está ainda; o Marino, com quem
estamos construindo, não necessariamente num clima de carinho e de convencimento
sem certeza, mas estamos construindo, discutimos e vemos o que podemos fazer.
Pelo que estou vendo, foi o que não aconteceu aqui nesse Projeto, esse Projeto
não teve esse momento. E eu cheguei no Projeto mais tarde, mas o Projeto tem
tudo a ver comigo, porque eu fui escolhido Secretário de Habitação desta
Cidade. Não posso dizer não tem nada a ver comigo, foi prometido isso, foi
falado outro. Não interessa isso, interessa é que eu vim para uma Secretaria
por confiança de um Prefeito, e todos os problemas que tiverem nessa Secretaria
são comigo, eu é que tenho que resolver. Madalena, também não posso me esquecer
de falar, e a Inês, que tem nos acompanhado com críticas, etc.
Primeira
pergunta que eu gostaria de fazer para os senhores, porque eu fiz um
levantamento muito recente da necessidade de habitação na nossa Cidade. Quem se
inscreveu no Projeto Minha Casa, Minha Vida levante a mão, por favor. (Pausa.)
Só uma pessoa daqui. Engraçado, imaginei que fosse mais gente.
Então,
meus queridos, às perguntas. Vamos começar então pelo galpão, o prazo de
entrega. O galpão está praticamente pronto, vocês passam por ali todos os dias,
estão vendo - está praticamente pronto. O DMLU, assim que começou o
levantamento das casas, começou a construir o galpão. O que acontece, que todos
os políticos falam, é que enterrar coisas, botar coisas embaixo da terra, não
dá voto, não aparece, e então as pessoas se esquecem. Não podemos nos esquecer
que a infraestrutura da nova Vila Dique levou um tempo enorme para ser feita. Ali
embaixo tem um monte de canos, canos já projetados, canos que precisam ir
direto para determinadas situações já pensadas, que é a infraestrutura, que
está sendo feita há muito tempo. Agora, quando eu cheguei, é que começaram a
ser feitas unidades habitacionais. Então, o galpão está praticamente pronto,
que é para onde o DMLU vai levar resíduos de boa qualidade para que eles
trabalhem, para que, quem depende desse tipo de trabalho, trabalhe com isso. Já
pegando o mesmo chavão, vamos dizer assim, as pessoas que querem desenvolver
outro tipo de trabalho que não seja a reciclagem de resíduos vão ter aulas, vão
ter acompanhamento das nossas meninas do social para desenvolver outro tipo de
trabalho que queiram fazer.
Posto
de Saúde: por que motivo essas obras não foram feitas ainda? Se deu prioridade
para fazer as casas em pequenos grupos e elas já serem ocupadas em pequenos
grupos. O que vai acontecer se fizermos toda a Vila, as 1.476 casas, e ficarmos
esperando? Vamos ter que estar toda a semana, todo o mês brigando com outras
pessoas que virão ocupar as casas que estão ali completamente vazias e
abandonadas. Então, vocês têm que nos ajudar e têm que perceber conosco. Deixam
as casas vazias, e elas são ocupadas na madrugada. E nós vamos querer a Polícia
lá, com contenda todos os dias, dando tiro e brigando? Não, isso não pode
acontecer. Vocês vão dizer que não; sim, nós fomos para ver as escolas de samba
desfilar e, naquela noite do primeiro desfile, foram ocupadas todas as casas
que nós tínhamos feito para entregar para o Pisa. Foram todas ocupadas. Tanto
que o Movimento da Moradia e os grandes líderes não foram se apresentar no dia
da recuperação das casas, porque eles achavam errado o pessoal invadir, ocupar
a casa de quem precisava muito, que são as pessoas desse Projeto Foz, ali do
Guaíba. Então, nós temos esse problema.
Nós
temos que construir um número de casas e colocar um número de pessoas lá. Temos
que destruir as casas antigas das pessoas e passar para a Infraero cuidar, para
um outro novo grupo não ocupar aquela região. Aí, nós vamos tirar as casas, e
um outro novo grupo vem do Interior, vem de outros lugares e ocupa aquelas
casas. Vocês têm que saber a dinâmica, o problema que nós enfrentamos. Nós
temos que pensar nisso tudo.
O
posto de saúde está sendo construído. Tem área proposta para ele. Antes do
posto de saúde, vai ficar pronto o Clube de Mães, certo? E tem o projeto para a
escola ser construída também.
Saúde:
eu tinha pensado - quando vi que não ia dar tempo e que algumas famílias vinham
para ali e deveriam ser atendidas no local - em usar um daqueles contêineres
que têm ar condicionado. Eu tinha pensado dessa maneira, porque não teríamos
como fazer de outra maneira. O Secretário de Saúde achou melhor não usar o
contêiner. Então, onde é que as pessoas vão ser atendidas? No Clube de Mães,
que será uma construção bem ampla, bem clara, com pia, com banheiro. E os
médicos clínicos vão poder fazer o atendimento ali. Se, por acaso, for mais
complexo, encaminham para o Grupo Conceição. Mas já vão dar assistência para as
pessoas que estão ali. E o Prefeito já pediu que isso fosse feito agora, que
começassem a implementar isso agora.
Creche:
Vai ter creche, sim. Está tudo preparado para a creche. E há prioridade pedida
pelo Prefeito - depois daquele dia que eu falei para a Maria Celeste que eu ia
falar -, através do GT Creches, comandado pela Beth Corbetta. Então, vai ter
creche, e com muito maior número do que eu tenho visto vocês citarem aqui nos
discursos. Falam em torno de 40, que a creche tem 40 metas mais ou menos. Eu
ouvi aqui mais de uma pessoa falar. Lá, está sendo preparada uma creche com
muito mais metas. O máximo de metas, que são vagas, que podem ser dadas dentro
de creches é 120. Vai ter a creche também. Agora, concomitantemente.
Depois,
vamos ter que nos reunir com pequenos grupos. Eu achava que estava conversando
com as lideranças. Eu recebi vários grupos e achava sempre que estava
conversando com as lideranças. Nós vamos ter que ver se há necessidade de vocês
aguardarem mais tempo e deixarem a casa, e a gente correr o risco da ocupação e
se ter uma briga, ou se nós já vamos ocupando com a ajuda de vocês e vamos
construindo rapidamente a creche e o Centro de Saúde, que é o mais rápido de
fazer.
Quanto ao tamanho das
casas: eu saí da reunião com um grupo da Dique e com a Vereadora - tinha outros
políticos, mas eu me lembro bem da Celeste lá - para ir conversar com o
Prefeito e pedi a ele que me esperasse lá com uma maquete da Vila ou de parte
da Vila. A firma que está fazendo nos mandou uma maquete eletrônica. Por este
motivo eu não pude trazer hoje para mostrar para vocês uma maquete física, um
“minusculês” da Vila, uma vila minúscula para vocês verem como é. Mas surgiu
uma coisa muito interessante: 120 terrenos são muito maiores do que os terrenos
que há neste momento para as casas da Vila. Isso apareceu. Era uma coisa que
nós íamos ficar fazendo quando fôssemos fazer o planejamento final. Apareceu
agora, dentro desse planejamento feito através do infográfico que apareceu no
computador para nós. O que é que significa isso? Que nós podemos resolver muito
o problema com essa informação; nós não tínhamos como mudar toda a Vila neste
momento, e, agora, há a possibilidade de ajustar casas com maior número de
cômodos, com maior proporção para famílias que têm cinco, seis, sete, filhos,
oito, nove, 10 filhos. Isso que era um terror para a gente. Como é que a gente
iria resolver, uma vez que todos os canos, toda a luz, todo o esgoto cloacal -
e tem um encaminhamento para um tratamento que vai ser feito lá dentro da Vila,
de oito por oito metros -, como é que nós iríamos fazer, uma vez que isso
estava tudo enterrado e tudo feito? Ia ser uma fortuna para desenterrar, ia ser
um tempo muito grande para recomeçar tudo de novo. Por isso é que alguém
reclamou de alguém que exagerou quando disse que se destruísse ia demorar muito
tempo. Claro, mas não é aquele tempo que foi dito por um funcionário nosso, mas
que ia demorar um pouco, que ia custar uma fortuna e que nós íamos ter que
buscar outro dinheiro de algum lugar, nós teríamos que fazer. Porque toda a
infraestrutura está pronta para receber aquilo. Por sorte, nós temos 100, 120
terrenos onde nós vamos poder acomodar pessoas com um número imenso de
familiares, portanto, em unidades maiores. Esta é que é a grande novidade.
Instalações
comerciais: este programa, que eu chamo de programa maravilhoso de um homem que
não é do meu Partido, que se chama Inácio Lula da Silva, é feito - e aceito
pelo Prefeito Fogaça - para albergar pessoas necessitadas. Todas as pessoas,
quando vêm falar a respeito do tamanho da casa, vêm falar da sua angústia - e é
natural, eu escutei com todo o carinho, com todo o respeito e com toda a
atenção - , elas não deixam de dizer que a casa ficou cheia até um determinado
ponto e que vivem de maneira indigna. Portanto, um número expressivo de
pessoas. Não vou dizer que são todos, para vocês, quem mora muito bem, não se
ofenderem. Eu quero dizer que, para quem mora nessas regiões, é este o momento
em que o Governo abre as portas, libera dinheiro, que se consegue um lugar mais
digno para morar. Para quem é feito esse programa, Srs. Vereadores? Para
pessoas muito pobres, para pessoas que nunca teriam casa na vida. É por isso
que preciso da ajuda dos senhores, esse é um programa de compaixão humana, para
pessoas muito pobres, por isso que inicio conversando sobre o comércio. Existem
103 pontos de comércio para os senhores lá dentro da Vila com 68 metros
quadrados. Agora, se os senhores disserem que vão querer um comércio de 200
metros quadrados, não dá; de 250 metros quadrados, não dá. E nós não podemos
ser hipócritas, e eu não posso ser mentiroso, não posso participar daquilo que
vocês reclamaram aqui, que foi a promessa que fizeram para vocês. Não vai ser
possível! E houve uma pressão muito grande dos comércios grandes. E foi a isso
que me referi naquele dia em que vocês foram lá. Houve uma pressão dos grandes
comércios. Agora, a loja que vende material escolar vai estar lá. Serão cento e
três! Quem vai vender, no caderno, linguiça, o arroz, o pedaço de carne,
camarão, vai estar lá. (risos). Camarão não, não têm direito! Vão estar lá
todas as casas de comércio trabalhando, mas não poderão ser supercomércio, os
comércios serão adequados ao tamanho da Vila.
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O
SR. HUMBERTO GOULART: Se
eu não tivesse dito camarão, vocês iriam reclamar que eu não tinha dito. Iam
dizer: o homem disse que a gente só come linguiça, arroz.... Não, nós podemos
comer de tudo. É isso que nós comunistas queremos, que todos comam do mesmo
jeito, por isso que disse camarão. Não foi deboche, foi para vocês não dizerem:
ele não disse. Aliás, nem gosto de camarão.
Bom,
meus queridos, 103 comércios estão garantidos para manter a comida, lápis,
roupas. Serão pequenos comércios que estarão de acordo com a região. É uma
região que precisa de pequenos comércios.
Às
vezes tenho de repetir, comércios enormes não poderão ir para lá. Não tem como
ir, porque tirariam o espaço de casas do projeto. E nós temos que assentar
1.576 famílias. Temos de assentar um bairro inteiro, uma pequena cidade. Então,
tudo isso foi projetado.
Quanto
às igrejas, as Igrejas precisam ser maiores! A fé há de nos ajudar a ter a
esperança, a ter esse comportamento amável que estamos tendo, embora algumas
pessoas não concordem. A fé é importante, e as religiões são importantes para o
Governo Fogaça também. E nós conseguimos agora uma área da SMIC, perto do
Sambódromo, no final da Vila, onde poderão ser assentadas igrejas, aí sim, de
cem, quase duzentos metros quadrados. E isso nós podemos dizer que vamos fazer,
porque já ganhei a área do nosso querido amigo, Vereador e Secretário Cecchim.
Quanto às igrejas, vamos conseguir - cada um com sua fé -, espaço para cinco
igrejas, que, por sorte, é o número de igrejas que tem na região. Quando falo
em igreja, falo em culto, incluindo o culto afro, pois considero sua sede um
templo, uma igreja. O que já conversamos. Então haverá lugar para igrejas.
Quanto
às escolas, surgiu um problema que, quando a Secretária não estava, uma das
funcionárias disse que a escola só sairia daqui uns dois, três anos. Então, a
resposta é a seguinte: não sai do local a empresa de construção sem construir a
escola. Não sai, e o nome da empresa é Van Hemert. Ela se comprometeu conosco
na sexta-feira passada. Por que estava com problemas? Por que não havia
financiamento para a escola por um problema técnico que não diz respeito ao
DEMHAB e nem especificamente ao Prefeito Fogaça. Esse problema técnico nós
vamos sanar de outra maneira. É problema nosso, como disse desde o início.
Agora, a escola vai ser feita. Vai ser amanhã? Não! Não, não será amanhã,
lógico. Nós queremos mudar as famílias amanhã? Sim, queremos. Como vamos fazer?
A EPTC vai nos ajudar, juntamente com o serviço social e servidores
especializados da Escola, a fazer transporte dos alunos em ônibus da carris.
Ônibus nossos irão com cuidadoras, com pessoas que estão acostumadas a cuidar
de crianças, que receberão as crianças com carinho e as levarão até a porta da
sala de aula. Esse foi o compromisso do Prefeito comigo, um dos compromissos
que a Verª Maria Celeste me cobrou, e hoje estou trazendo a resposta. Vai ser
feito como é para as outras pessoas, só que vai ser em um ônibus um pouco maior
e com um grupo maior de funcionários, que serão disponibilizados pela SMED e
pelo Serviço Social. Isso é muito bom. Enquanto isso, vamos vendo como vamos
fazer, porque são duas escolas que têm lá, e são quase 1.099 alunos. Então,
vamos fazendo isso aos poucos. Mas a educação é a base e vocês merecem isso,
como já foi dito por tanta gente aqui. E nós temos essa solução. Tem como fazer
isso, não tínhamos pensado. É uma coisa que não é difícil de fazer. Nós vamos
levar os nenéns lá, não tem mais aquele projeto de uma mãe ser responsável por
dez crianças num ônibus de linha. Não tem nexo uma coisa dessas. Eu não sabia
desse projeto. O nexo é vocês entregarem as crianças às cuidadoras, pessoas
especializadas, para levar e trazer os filhos de vocês para um determinado
ponto da Vila.
Outro
assunto que um dos Vereadores preocupados com vocês me passou é que nós
deveríamos dar uma garantia de que ninguém seria transferido para lá se não
tivéssemos terminado o projeto. Agora que eu passei para vocês que cada vez que
10, 20, 30, 50, 60... Nós vamos entregar na margem, 70 casas por vez.
(Manifestações
fora do microfone. Inaudíveis.)
O
SR. HUMBERTO GOULART: Deixa
eu dizer para vocês: o aumento das casas para as famílias pequenas não vai
existir, porque é impossível de existir no projeto; agora, para as famílias que
têm oito filhos, sete, seis filhos, isso vai ser possível, porque se encontrou
solução.
(Manifestações
fora do microfone. Inaudíveis.)
O
SR. HUMBERTO GOULART: Vocês
me perguntaram, e eu respondi; vocês pediram sinceridade, e eu estou sendo
sincero com os senhores; os senhores querem saber como é que é, é isso que eu
estou dizendo. E a hora de vocês discutirem não é agora; eu ouvi o tempo todo
com carinho, mais um pouco de paciência e de carinho, porque estou dizendo a
verdade para vocês.
As
casas sociais feitas pelo Brasil afora são desse tamanho, com exceção de uma ou
outra Prefeitura que investiu, como em Minas Gerais, um pouco mais de dinheiro,
e fez uma casa um pouquinho maior.
Sabem
por que eu perguntei quem tinha se inscrito no Minha Casa, Minha Vida, que foi procurado
por 54.300 pessoas - porque as casas do Minha Casa, Minha Vida têm menos do que
39,5 metros quadrados. É isso que eu queria dizer aos senhores!
Sem
emoção demasiada, com emoção e carinho de quem quer resolver coisas: as casas
que têm a metragem de 39,5 - eu fui medir para saber quem estava com a razão,
eu fui medir! -, estas casas continuarão, não existe como tirá-las de lá; é
impossível no ponto em que está, tirá-las de lá.
Toda
a história que houve, de que já foi prometida casa de 42, e que foram
prometidos sobrados, foi verdade; não fizeram; aí ficou este projeto desta casa
que fizeram, e que, agora, no fim, foi visto que não é bem o que querem. Mas
não dá para fazer tecnicamente, é praticamente impossível fazer terra arrasada
da infraestrutura. Ainda bem que são poucas - são umas 40 casas que estão ali
agora, no momento, aquelas casas e a estação de tratamento. Isso não é
possível, não estou lhes mentindo, não vim com esta mensagem, nunca fiz isso
para vocês. As casas para famílias pequenas continuarão com o tamanho, e para
famílias enormes terá uma solução; não serão imensos palacetes, mas terá
grandes soluções. Certamente, as pessoas que vivem de maneira mais indigna aqui
na região de vocês vão entender quando passarem a morar num outro lugar,
puderem ir para o colégio sem botar o pé na lama; tem gente que não vai para o
colégio agora porque - me relataram os comunitários - saem da porta e vão botar
o pé na lama, que, daqui a pouco, vai encher as suas casas. Isso não foi feito
para o mal, meus queridos! Não era eu, mas sou eu que defendo e eu que sou o
responsável. Isso é feito para o bem, isso é feito para o nosso bem. Dá para
destruir, demolir tudo o que um Governo fez? Não dá, Srs. Vereadores. As
pequenas, não dá.
(Manifestações
fora do microfone. Inaudíveis.)
O
SR. HUMBERTO GOULART: Eu
estou dizendo que tecnicamente não dá, depois podemos conversar. Olha só,
atenção, por favor! Não botem afeto demais, porque estamos tratando de
negócios; depois, exprimam afeto no final, do jeito que acharem conveniente.
Nós estamos tratando de um negócio, que é o futuro dos senhores!
(Manifestações
fora do microfone. Inaudíveis.)
O
SR. HUMBERTO GOULART: Senhores,
por favor! Me diz aqui o Davi: “Dá, Goulart!”. Então, ele deve ter uma solução.
Ele é um homem responsável, tem falado bem. (Manifestação fora do microfone.
Inaudível.) Sim, só tem 40. Sim, só tem 40! Aí, ele vai sentar comigo,
Madalena, Paulinho, mais outras pessoas que vocês disserem; a Eredina. Então,
vamos nos sentar...
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O
SR. HUMBERTO GOULART: Então,
deixa eu dizer aos senhores: vamos acatar a solução; se ele tiver uma solução,
vamos beijar-lhe as mãos, porque nós não temos como destruir as casas. Agora, o
que tem das casas pequenas?
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O
SR. HUMBERTO GOULART: Por
favor, senhores! Tive o máximo carinho ao ouvi-los, e gostaria que tivessem o
mesmo para eu poder informar aos senhores. As casas... Deixa eu voltar ao
raciocínio... O Davi vai sentar com o grupo. E eu já peço para a Vila Nazaré
mandar dois representantes também. Vamos sentar, e ele vai dizer para nós qual
a solução, e, se a solução for exequível, é claro que vamos fazer! Se por acaso
ele disser: “Dr. Goulart, a solução é esta, e o dinheiro a gente tira daqui”,
eu digo: “Davi, vamos botar uma estátua para ti!”. Então, deixem eu dizer outra
coisa aos senhores...
(Manifestações
fora do microfone. Inaudíveis.)
O
SR. HUMBERTO GOULART: Atenção,
respeitem o futuro dos senhores! No fim, os senhores façam o que acharem
melhor; agora, estamos tratando de negócios.
A
casa tem quinze metros quadrados de fundos e quinze metros na frente. Se vocês
precisarem fazer mais dois quartos - eu vi gente falando que tem criança,
menina, moço, neste momento deve ser um horror para viverem - dá para construir
mais dois quartos nos fundos; nestas casas pequenas dá para construir mais dois
quartos no fundo... Nestas casas pequenas dá para construir mais duas casas no
fundo; se construir duas casas no fundo... Perdão, são tão pequenas as casas
que eu já confundi com quarto... Imaginem!
(Manifestações
fora do microfone. Inaudíveis.)
O
SR. HUMBERTO GOULART: Queridos,
vamos manter uma conversa com humor, pelo menos, já que estamos tão cansados.
Então,
o que acontece? Atenção, senhores: dá para construir mais dois quartos no
fundo; ou dá para construir – que não tem carro – dois quartos na frente. Quem
vai colocar o carro ali - tem como colocar carro na frente -, aí não pode
construir quarto na frente, mas pode construir atrás. O DEMHAB já tem o projeto
pronto, vocês não precisarão contratar o projeto. O Prefeito me pediu. quando
eu pedi para construir nos fundos, que eu visse, na Caixa, uma linha de
financiamento que vocês pudessem usar, que fosse uma coisa pequena e possível.
Porque o dinheiro que nós temos é enorme, deu para fazer todos esses
equipamentos que eu estou dizendo. Os senhores perguntaram sobre as pessoas que
têm dificuldade de acesso – que são muitas. Olhem, aqui estão todas as casas; a
Estação ETE - Estação de Tratamento de Esgoto -, onde foi colocado um monte de
dinheiro para tratar o esgoto; aqui está o Clube de Mães - e aquela moça morena
que me pediu se eu podia separar entre Associação da Vila e Clube de Mães, e eu
disse que dá, o meu engenheiro vai separar, uma parte para o Clube de Mães e
outra para a Associação -; aqui está o Centro de Saúde; aqui a creche; aqui o
material para a reciclagem de lixo. Todas essas casas em roxo são casas
comerciais, todas para comércio. As casas em lilás são as casas acessíveis, são
casas construídas dentro da tecnologia para entrar uma pessoa sem visão, para
uma pessoa que anda em cadeira de rodas, porque as portas de entrada e de
circulação têm de ser mais largas, Então, são casas acessíveis; e aqui são
casas para comércio. E nós descobrimos que alguns desses terrenos, quase 10%
deles, são bem maiores; então, dá para construir casas maiores para as
famílias. Aqui, nessa região é que vão ser construídas as igrejas. Aqui está a
área da praça – vai ser uma praça enorme -, e aqui a SMAM não nos deixou
construir porque precisava de uma área de preservação. Então, aqui vocês têm um
bosque, um bosque que vai estar separado, por esquadrias, do resto da
população. Aqui tem um bosque, que é a Área de Preservação Natural; e aqui tem
um arroio, que estamos vendo como vamos cobrir esse arroio para haver proteção
para as crianças, pois a primeira vez que eu fui visitar, eu me preocupei com
as crianças em relação a esses arroios que há aqui. E o pessoal disse: “Não,
não tem problema...”, e naquele exato momento caiu um cachorrinho ali dentro e
nós fomos obrigados a resgatar o cachorrinho. Lembra disso? Tu estavas junto...
Bom,
então, meus queridos, eu quero dizer a vocês agora que eu apresentei tudo, que
eu tenho muita experiência em tratamento com populações mais carentes. Eu
trabalhei por 35 anos fazendo prevenção de câncer e atendendo mulheres nas
vilas de Porto Alegre. Eu tenho imenso carinho por vocês e tenho uma imensa
vontade de acertar para vocês, tenho uma imensa paciência em ouvir.
Então,
quero dizer a vocês que este é o Projeto Fogaça, este é o Projeto que eu
abracei! Essas promessas aí estão feitas; o cronograma, eu vou passar para os
líderes de vocês, isso está sendo elaborado. Tem uma Comissão de Obras, que nos
acompanha na Vila Dique e que vai receber o cronograma. Mais do que isso eu não
posso fazer, a não ser deixar com vocês o meu imenso carinho e o meu imenso
respeito. Um beijo para vocês! (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Eu
pediria às amigas que nos dessem a honra de sentar – para desobstruir – quem
está observando a reunião. Eu passo, agora, honrosamente, a palavra a Srª
Secretária de Educação do Município, Professora Cleci.
A
SRA. CLECI MARIA JURACH:
Boa-tarde, depois da fala do nosso Diretor do DEMHAB, são poucas colocações que
vou fazer, até pelo adiantado da hora. Houve uma colocação do Clube de Mães
sobre a possibilidade de a creche que for construída no novo espaço manter a
mesma entidade e o mesmo nome. É possível; e o grupo do GT Creches já está analisando
a permanência desse grupo, até pela parceria que vocês já tiveram dentro da
Vila até agora.
Nós
nos preocupamos também, como Secretaria de Educação, com aquelas famílias que
se mudarem inicialmente, na primeira leva, como o doutor colocou, e não
quiserem utilizar o transporte, nós estamos hoje com vagas nas duas escolas
municipais próximas ao Loteamento, que é só atravessar a rua, chamam-se Escola
Municipal Décio Martins Costa e Escola Municipal Ildo Meneghetti - isso nós já
estamos garantindo, de seis a 17 anos; nós temos como implementar essas vagas.
A escola que será construída nesse novo Loteamento, é uma escola grande, para
1.200 alunos; são blocos de dois pisos e terá tudo aquilo que as escolas
municipais possuem: laboratório de informática, laboratório de ciências,
refeitório, biblioteca, acessibilidade e, inclusive, essa área é destinada à
Educação Infantil. Então, em cima dessa planta, nós estamos trabalhando com
orçamento para ir para licitação, o quanto antes. O quanto antes! É só para que
vocês entendam. Quando se fala em licitar uma obra na Prefeitura ou no Estado,
isso envolve aqueles prazos legais. Uma licitação, normalmente, leva dois
meses; aí a empresa se apresenta e inicia a obra. A obra - quem trabalha com
construção sabe - não é de um dia para o outro, ainda mais nesta estrutura
aqui. Então, usando a sinceridade que o Dr. Goulart usou com vocês: essa escola
estará pronta, possivelmente, no segundo semestre do ano que vem. Até lá, nós
estamos garantindo, segundo o Sr. Prefeito Fogaça solicitou, acesso às escolas
com segurança, como o Dr. Goulart colocou. Certo, pessoal? E irá com vocês para
lá, nós vamos mudar, futuramente, quando essa escola estiver pronta, a Escola
Migrantes. A escola de vocês, junto lá ao loteamento, será a mesma escola que,
hoje, está atendendo a comunidade dentro da Vila Dique Nazaré. É uma justa,
vamos dizer assim, homenagem àquele grupo de professores que está naquele
ambiente hoje, pequeno, apertado, que transfiram e atendam os senhores e os
seus filhos nessa nova escola. Isso aqui nós vamos implementar juntamente ao
DEMHAB e as lideranças, o cronograma que vai ser feito vocês vão ter
conhecimento. Os professores daqui irão todos acompanhar vocês para a outra
escola, e muito mais, porque ali, hoje, nós atendemos a 300 e poucos alunos e
lá serão 1.200 alunos. Então, nós vamos ter de implementar, mandar muito mais
professores para lá, também. Obrigada, gente.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Senhores,
eu peço só mais um ou dois minutos, e acho que um tema deste tipo merece ser
discutido com mais tempo. Os nossos amigos aqui do fundo podem fazer um pouco
de silêncio? Vejam o seguinte: na democracia, cada um tem o seu papel. Nós,
Câmara de Vereadores, instados pela comunidade, minha querida Luísa,
representante aqui do Fortunati, de imediato, a sensibilidade dos 36 Vereadores
fez com que fosse prorrogada aquela audiência que teve na Câmara, que vem ao
encontro da comunidade. Eu só peço a atenção porque nós vamos encaminhar coisas
aqui, a reunião não terminou ainda.
Vejam
o seguinte: aqui se oportunizou que dezessete pessoas da comunidade fizessem as
suas manifestações; bem como os Vereadores e o Governo. E os senhores hão de
dizer: “Mas eu quero a solução hoje”. Ela não existe. E aí tem um ditado que
diz: “Do sapato se conhece o sapateiro e quem calça o sapato”. E aqui fala
alguém que é experimentado na advocacia, na luta popular e na vereança da
Cidade. Só tem um remédio para esta questão aqui: diálogo, diálogo e diálogo!
Não tem outro caminho. Ninguém transfere dez famílias na marra; nem cem, nem
duzentas e, muito menos, mil e quinhentas! Só vai transferir se houver uma
grande concentração. Por isso, quero dizer, com a responsabilidade de quem
preside um Poder Legislativo - e Presidente de Câmara não tem de ser Governo e
nem oposição, tem de assegurar o bom debate, a fiscalização, a autonomia e o
respeito -: eu vivo esta Cidade há trinta anos e vi no Olívio - que implantou o
Orçamento Participativo com o PT -; vi no Tarso; vi no Raul; vi no Verle;
grandes Prefeitos! E vejo no Fogaça, também, um grande Prefeito. E eu respeito
as urnas, respeito a democracia. Se alguém prometeu ou não prometeu...
Primeiro, se alguém votou por promessa, votou errado, porque eleição não se
ganha com promessa, se ganha com compromisso ou se perde com dignidade.
(Palmas.) Então, tem erro dos dois lados: de quem prometeu ou de quem aceitou a
promessa, porque corrupção tem de transitar para lá e para cá. Então, quero
dizer, senhores, o seguinte: que eu saio daqui com muita satisfação. Eu comecei
cedo, hoje, fui lá para o SESCOOPE, eu o Goulart, na expectativa de
almoçar e esperamos até as duas horas para almoçar, os discursos não pararam e
o Prefeito continuou; nós saímos e não almoçamos até agora. Com certeza, vão
nos oferecer um sanduíche ali na frente. Mas eu saio daqui com muita esperança,
porque eu vi que os senhores não vão resolver isto brigando com o DEMHAB. E nem
o DEMHAB brigando com a comunidade! Sendo sincero! Por isso, por favor, eu
quero dizer, Goulart, faça uma reunião por semana, bote um de cada rua, de cada
quarteirão, amplie essa participação. Não é que ele não tenha
representatividade e ela não tenha, não é por isso; é porque é assim mesmo. Na
vila popular, as coisas são muito difíceis a compreensão, isso é assim mesmo,
nós conhecemos. Às vezes, um não significa um sim, as pessoas distorcem, já
chega no boteco outra história. Então, isso é complicado. Então, por isso,
quero dizer que em muitas passagens da minha vida eu me lembro de cinco, seis
ou sete anos atrás - porque sempre militei nesta Cidade antes de ter mandato -,
eu me lembro de ter visitado uma casa de uma senhora doente, e a cama dela
estava em cima desse riacho que passa aqui. Uma das cenas mais trágicas que eu
já vi! E vocês sabem que vocês moram numa área alagada, insalubre, indigna e
que vocês precisam morar melhor. Eu acho esse caminho, Ver. Dr. Goulart, de
você viabilizar, nesse Governo de alta sensibilidade social, que é o do
Presidente Lula, de dizer que para esta questão aqui, específica, que querem as
forças econômicas e sociais. Porque se eu amplio a pista do aeroporto, eu vou
fazer a exportação do Rio Grande do Sul e isso vai dar mais emprego para as
pessoas, isso tem uma relação social, isso é importante! Não dá para fazer essa
briga entre o capital e o trabalho; isto está equivocado! O empresário é
importante para um país! O comerciante é importante para um país! O trabalhador
e a gente da vila merecem respeito! Vocês não estão aqui porque querem; vocês
estão aqui porque muitos vieram do Interior, porque o parente veio na frente,
na década de 60, 70, 80, e foram fazendo do jeito que dava! E os governos não
tinham dinheiro e não tinham autoridade para fiscalizar, para dizer que não
fazia, porque as pessoas têm direito a morar! Se até os animais buscam as árvores
para se proteger das intempéries, as pessoas buscam seus abrigos. Então, não se
trata de favor. E aqui, faça-se justiça, tem a união do Governo Federal? Tem!
Do Ministério das Cidades? Tem! Do Governo do Estado, depauperado? Tem! E tem
das prefeituras que vieram antes do Fogaça, porque esse projeto não começou
agora.
Por
isso, meus amigos, quero dizer o seguinte: saio daqui animado porque luzes
foram reacendidas. A questão da creche, da Carris, a questão envolvendo a
possibilidade da ampliação – eu acho isso um grande caminho. Qual é o lugar que
não tem um puxadinho nesta Cidade? Até na classe média tem! Até no IAPI tem,
Verª Maria Celeste, e tu estiveste lá na semana passada. Por que a nossa
transferência da Dique não pode ter um puxadinho também? Uma minoria não pode
impor a uma maioria. Portanto, a maioria ordeira há de fazer as transferências.
Não se faz omelete sem quebrar ovos. Vai agradar a 100%? Não! Mas o coletivo
tem que ser acima do individual, portanto o projeto tem que agradar ao coletivo
e não ao individual. Se o coletivo tiver acertado, o individual vai ser
obrigado a se curvar, porque na democracia é assim: quando não há consenso, a
maioria vence e a maioria avança.
Afirmo
que a Câmara não pode intervir, não deve intervir; ela pode sugerir, deve
fiscalizar e está aqui, mas jamais intervir na questão de governo, porque
governo é governo, Câmara é Câmara e, se não for assim, não dá certo, mas eu
quero dizer que a Câmara está 100% aqui para dizer que está disposta a sentar –
de noite, de dia, de madrugada –, juntos, sob a liderança do Goulart, para
dizer: nós vamos ajudar a construir. Então, quero deixar como sugestão,
Presidente, Diretor Goulart e demais membros do Governo, Cleci, que nós estamos
aqui para ajudar. Se for para atrapalhar, não contem conosco! Isso aqui não é
lugar para disputa política e partidária, porque com a vida do povo não se
briga assim, o foco deve ser as pessoas e não os Partidos, até porque eles
estão todos liquidados. A luta política tem que ser da população, e tenho
certeza, vejo, nos meus 35 colegas, muito desejo de acertar, extremo desejo de
acertar, e é o que nos vamos fazer.
Portanto,
eu sei, Davi, que você tem um encaminhamento, quem sabe também a Enedina, mas
acho que não dá para estender muito mais esta reunião. Então, mesmo que seja
rapidamente, eu concedo a palavra ao Davi e à Enedina para os encaminhamentos
finais. Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. DAVI DE LIMA: Eu
quero agradecer a todos que estão aqui conosco, ao Comandante, que se expressou
muito bem, e, com certeza, vamos ali para nos somar, como o esclarecimento que
V. Sª deu.
Nós
estávamos falando agora com o Diretor Goulart, ele falou a respeito do comércio
de 62 metros quadrados. E há possibilidade, ele nos passou agora, de
conversarmos com uma comissão do comércio e aumentar o tamanho da área
comercial. Ele falou também do tamanho da igreja, de cem a 200 metros; nós
sugerimos, conversando, que a gente também se reúna, juntamente com o Pastor
Daniel, que é o responsável daqui, juntamente com o seu presidente, Pastor
Ubiratan, e as demais casas de religião, que lutemos para que seja em torno de
140 metros quadrados.
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O
SR. DAVI DE LIMA: Não,
eu fiz uma pergunta: 140 metros para a igreja - ele está nos confirmando as
igrejas com 140 metros, e vamos ter uma conversa, juntamente com a comissão.
Agradeço
ao Presidente da Casa, a todos que aqui estiveram e à comunidade, que está, a
cada dia, mais unida. Eu sei, pessoal, que não é gritando, bagunçando, desonrando
a pessoa que representa o Prefeito agora, porque o Prefeito Fogaça é um
professor e sabe como funciona, que conseguiremos. Como sempre, eu tenho falado
para vocês: é com carinho e com respeito que nós vamos ter êxito, e não adianta
virmos bagunçar aqui ou pensar em querer bagunçar, porque sabemos que vamos
quebrar a cara. Agora, da maneira que nós estamos aqui, mostrando a nossa
indignação, com certeza, nós poderemos ter êxito.
E
quero dizer mais ao Secretário, a respeito do tamanho das casas: nós concordamos
com a maneira que o senhor expressou, as pessoas que estão ali, que estão na
dificuldade. Agora, nós não moraríamos naquela casa que o senhor nos ofereceu.
Realmente, nós não temos como morar. Algumas pessoas têm, outras não têm; têm
quantidade menor de filhos, como o senhor acabou de abordar, mas não têm como
morar ali dentro. Então, eu quero que o senhor nos ouça, nessas reuniões que
nós vamos ter, a partir de segunda-feira, conversando com essas pessoas – com
certeza nós vamos nos reunir amanhã, a comunidade, passar o que o senhor
expressou aqui e vamos ligar para conversarmos com o senhor a respeito disso.
Obrigado, Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Para
as suas considerações finais, eu passo a palavra à Enedina.
A
SRA. ENEDINA DURÃO ESPÍNDOLA: Pessoal,
eu só quero agradecer pela presença, principalmente de todos os moradores.
Agradecer aos Vereadores e outros, sendo que não é muito necessário, porque
eles são pagos para vir aqui mesmo. À comunidade: muito obrigada a todos por
estarem aqui, hoje, começando uma nova etapa, uma nova história na nossa
comunidade.
Agora,
há pouco, veio uma senhora falar comigo e me pediu para fazer uma pergunta:
quem quer sair agora, com urgência, tem privilégio de sair primeiro, Dr.
Goulart, ou não? Bom, isso fica como uma demanda para que o Goulart possa
responder para a comissão, para que sejam atendidos, não somente os meus
anseios, mas os dos outros também, que todos tenham o direito a expressar sua
vontade. Então, eu quero deixar isso como encaminhamento da parte da Associação
de Amigos e Moradores: que sejam ouvidos todos. Obrigada a todos.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Meus
amigos, Professora Cleci e Secretário Goulart, eu quero dar mais uma sugestão:
eu acho que era importante incluirmos a Secretaria da Cultura nessa discussão.
Eu votei, Vereadores votamos, mais do que uma pista de eventos - foram vendidas
ações da Petrobras -, é um espaço muito privilegiado e pode ser transformado em
mais do que um espaço do carnaval. Acho que nessa discussão da transferência
seria muito importante incorporar a Secretaria da Cultura.
Muito
obrigado a todos. Está encerrada a reunião.
(Encerra-se
a Audiência Pública às 17h10min.)
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